O fenômeno é comum e acontece, especialmente, com a pessoa que tem maior sensibilidade mediúnica, isto é, de registrar a presença de Espíritos. Todos somos médiuns, nos afirmou Kardec, mas há aquelas pessoas que têm em maior grau e, por isso, registra mais intensamente a presença dos Espíritos. Nesse caso, sempre bom fazer uma prece a benefício da entidade que porventura esteja ali presente. O diálogo direto com a entidade nem sempre será benéfico, se o médium não tiver preparo suficiente, em termos de conhecimento doutrinário e experiência na tarefa.

Não é uma regra que a(o) médium psicofônico tenha a visão do Espírito que vai se comunicar por ela(e). Tal poderá acontecer se a Espiritualidade que administra a reunião assim achar conveniente. A comunicação mediúnica se dá pela transmissão do pensamento do Espírito à mente do médium. Este traduzirá, segundo suas condições. A questão 225 de O livro dos médiuns esclarece muito bem o papel do médium nas comunicações espíritas.

Em “O livro dos espíritos”, (FEB), questão 455, o Codificador nos ensina que “De uma causa única se origina a clarividência do sonâmbulo magnético e do sonâmbulo natural. É “um atributo da alma”, uma faculdade inerente a todas as partes do ser incorpóreo que existe em nós e cujos limites não são outros senão os assinados à própria alma. […]. O que significa que a clarividência não é uma mediunidade propriamente dita, sendo um atributo da alma, como diz o mestre Kardec. (Grifo do autor).

O estudioso Martins Peralva, em seu livro “Estudando a mediunidade”, editado pela FEB, no cap. 16 ensina que “Clarividência é a faculdade pela qual a pessoa vê os Espíritos com grande clareza.” Gustave Geley, em “O ser subconsciente”, publicado pela FEB, 1. ed. cap. II, it. 5, ensina que “Sob o nome de clarividência ou lucidez, designa-se a faculdade de adquirir conhecimentos precisos sem o socorro dos sentidos normais e sem leitura de pensamentos.” Mesmo com as diferentes formas de se conceituar a mesma faculdade, a clarividência não é uma mediunidade propriamente dita, mas uma capacidade perceptiva da alma, portanto, anímica.

A mediunidade se apresenta em cada pessoa com características próprias, com variações ao infinito. A vidência de vultos dentro de casa, com a percepção nítida de que tem alguém te observando, poderia ser também um indicativo de mediunidade ostensiva, desde que se exclua qualquer possibilidade de engano sofrido pela mente, qual ocorre com a ilusão, bem como ter sido descartada a possibilidade de uma enfermidade que cause tais percepções.

Embora muitos de nós não sejamos médiuns ostensivos, todos temos uma mediunidade natural, que muitas vezes, nos permite captar imagens do mundo espiritual e sintonizar com os Espíritos. A mediunidade é uma faculdade humana, natural, que vamos desenvolvendo no dia-a-dia. Pelo seu relato, você possui a faculdade da clarividência (ver mais claro, mais nítido) já um tanto desenvolvida, que lhe permite ver os Espíritos. É uma faculdade anímica, ou seja, do seu próprio Espírito; não quer dizer que os Espíritos se utilizam dela para se mostrarem, mas pode acontecer, como a entidade que se fez visível no momento de dificuldade sua. Não é motivo para temer, pois não tem como fugir desta realidade. Você possui também a faculdade olfativa (sentir cheiros). Então, veja que são percepções variadas, normais e naturais que, sendo canalizadas para um fim útil, poderão ser até amenizadas, à medida que você procurar conhecê-las, pela leitura e pelo estudo. Você fez muito bem em estabelecer o Evangelho no lar, como também sugerimos o hábito da prece diária e da água fluidificada, que pode ser feita durante as preces. Também recomendamos a leitura de “O Evangelho segundo o Espiritismo”, seguir os nossos estudos de terça-feira e estuda “O Livro dos Médiuns” e as demais obras de Allan Kardec. Assim, você vai adquirindo o conhecimento sobre a mediunidade, as variedades de médiuns, os tipos de Espíritos e suas características. E, se tiver a oportunidade de frequentar um Centro Espírita, após a pandemia, é salutar que o faça.