Se é certo que todo efeito tem uma causa, diante das grandes dores pelas quais passamos o silêncio sobre as causas representa grande remédio. Rememorar nem sempre aplaca as dores. No caso relatado, que infelizmente não é incomum, solucionadas as questões de ordem legal que atinge os envolvidos, buscada a ajuda de profissionais habilitados, quais médicos e psicólogos, ainda remanescendo a dificuldade na caminhada da vida, o lenitivo mais adequado é o perdão. No momento em que se perdoa o ofensor liberta-se do sofrimento existencial. Não foi sem razão que Jesus recomendou amássemos os nossos inimigos. O perdão é fonte de reequilíbrio do ofendido. O ofensor responderá pelos seus atos, junto à justiça humana e divina. Mas, aquele que sofreu a agressão não necessita manter-se vinculado ao agressor pelas vias do ódio, do ressentimento, que impedem a libertação. Importa agora que o ofendido siga em seu progresso espiritual e somente o perdão dá forças para seguir adiante. É muito natural que não se consiga amar o agressor, não é isso que Jesus nos pede em essência, mas que pacifiquemos nossos corações. Às vezes, não se perdoa pela ideia que se tem da impunidade, mas não é esse o entendimento mais adequado. Perdão é benéfico para quem perdoa, em primeiro lugar. Em nenhum momento podemos crer em desamparo de Deus, diante das grandes calamidades que nos acometem. Deus é sempre providencial, e se passamos por situações difíceis, aparentemente insuportáveis, isso decorre da necessidade que temos de algo aprender, no caso relatado, quiçá seja o aprendizado do perdão, já que não nos cabe adentrar nos meandros das anteriores existências. Perdoar é a base de nossa evolução. Os grandes testemunhos de perdão, de nossa parte, correspondem ao perdão Crístico de Jesus, que do alto do madeiro orou e perdoou seus agressores, ele que nada fizera para merecer o sofrimento afrontoso. Tirar o peso da revolta do coração enseja a vitória sobre o mal. Sofremos por vezes décadas, pelo mal que nos foi feito, e esquecemos, com isso, de construir o futuro, aproveitando o presente bem vivido. Dessa forma, o grande lenitivo às nossas dores pela ofensa que nos atinge é o perdão, muita vez conseguido ao preço de lágrimas, mas que nos fortalece para seguir a vida em paz.