O Evangelho no lar é um momento de reunião da família em torno dos ensinamentos do Cristo à luz da Doutrina Espírita e não deve ser transformado em reunião mediúnica, com a manifestação de Espíritos. Em muitos capítulos de “O livro dos médiuns”, Allan Kardec orienta que o médium deve ter muito cuidado no exercício da sua faculdade, e ele traça uma série de recomendações para que o mesmo não caia nas armadilhas dos Espíritos inferiores, através dos processos obsessivos, especialmente da fascinação. O Codificador diz que a obsessão constitui-se num dos maiores escolhos na prática do Espiritismo, quando esta não se realiza dentro dos padrões orientados pelos Espíritos superiores. Portanto, embora, os Espíritos que lhe assessoram possam não ter intenções de prejudicá-la, só o fato de utilizarem a sua faculdade em um momento de recolhimento íntimo, como é o Evangelho no lar, demonstra que não são Espíritos elevados, pois estes não procederiam assim. Aconselhamos à amiga procurar um Centro Espírita que disponibilize um estudo sequencial e específico com vistas à prática mediúnica da mediunidade, para futuramente, exercer a sua mediunidade em reuniões mediúnicas sérias e instrutivas, onde possa ser o instrumento útil aos benfeitores espirituais no atendimento aos irmãos em sofrimento.
Muitos podem objetar que suspender o exercício da mediunidade em casa, pós anos de trabalho seria uma medida excessivamente rigorista, já que não se evidenciou qualquer prejuízo ao médium e à família. No entanto, a orientação à pratica mediúnica em local apropriado provém de benfeitores espirituais de elevada hierarquia, qual o anotado por André Luiz, pela mediunidade de Waldo Vieira (FEB), cap. 11, falando acerca do Centro Espírita: “O templo é local previamente escolhido para encontro com as Forças Superiores.”
Em casa, sem o contato com outras pessoas, sem um acompanhamento de orientador esclarecido, sem colocar a mediunidade a serviço do semelhante, podemos entrar num exclusivismo e criar sistemas pessoais de interpretação do Espiritismo e da nossa relação com o Espíritos, o que por si só constitui-se num prejuízo à verdade. Sendo o médium orientado por um Mentor elevado, este ligado ao pensamento dos Espíritos sublimados, nada estranhará a interrupção da prática mediúnica doméstica, conduzindo-a para um lugar e horário apropriados, já que são eles, os Luminares Espirituais que assim o orientam. Caso a entidade que conduza o médium se sinta agastado com tal preceito, revelará sua real condição de Espírito inferior, necessitado de disciplina, que prega conceitos pessoais e não da alçada dos condutores da humanidade. Chico Xavier, Divaldo P. Franco, Yvonne do A. Pereira sempre optaram pelo exercício da mediunidade em Centro Espírita, conquanto o caráter missionário de ambos lhes conferissem, por vezes, o sacrifício da mediunidade noutros ambiente. No entanto, sempre que necessário o fizeram com disciplina e após um período mais ou menos logo de segura adequação aos ditames da Casa Espírita. Se Chico Xavier, por exemplo, preferiu a soledade da “Fazendo Modelo”, local que lhe foi cedido para a recepção de alguns livros, isso ocorreu devido à natureza de sua tarefa perante a coletividade, não se constituindo num privilégio, mas para evitar interferências psíquicas à obra mediúnica que produzia. Reflitamos sobre a conduta daqueles que estão à nossa frente, para buscar o aprimoramento pessoal, até que possamos trilhar com segurança as lides da mediunidade.