Perguntas e Respostas

Prática da Mediunidade no Lar

Perguntas elaboradas pelos participantes do grupo Telegram @febtv_mediuns, referente à série apresentada por Jacobson Sant’ana Trovão “Estudando O Livro dos Médiuns”, canal da FEBtv no YouTube, e respondidas por uma equipe de estudiosos do tema.

Vedada a reprodução, finalidade meramente de estudo da mediunidade à luz do espiritismo.

A Doutrina espírita nos orienta a fazer preces, tanto para os encarnados quanto para os desencarnados. O capítulo XXVIII de “O Evangelho segundo o Espiritismo” (FEB) Kardec nos dá todos os esclarecimentos a respeito dessa prática tão importante. Em qualquer lugar que você esteja orando terá a companhia dos bons Espíritos, seja no quarto de dormir ou fora dele.

O Evangelho no lar é uma prática salutar, como são salutares todas as oportunidades de estudo e de oração, tornando-se um momento de interação familiar, com ajuda de leituras de mensagens espíritas, e do Evangelho segundo o Espiritismo. O propósito será sempre o de aprender, buscar a harmonia do lar e da vizinhança e, ao mesmo tempo, endereçar vibrações amorosas aos Espíritos sofredores, que muitas vezes se “homiziam” em nossas casas, atraídos pelos nossos pensamentos, sentimentos e emoções. É um momento da prática da caridade e da busca de cooperação espiritual para os membros da família. Recordemos que se algum Espírito sofredor tiver a oportunidade de estar presente ao Evangelho no lar, o momento de oração lhe causaria grande benefício, o que seria um ato de caridade, iluminado a mente daqueles desencarnados com quem normalmente convivemos.

“Pelo menos, uma vez por semana, reúne a tua família e felicita-a com o Espiritismo, criando, assim, e mantendo, o culto evangélico, para que a diretriz do Mestre seja eficiente rota de amor à sabedoria em tua casa.” – Joanna de Ângelis (S.O.S. Família. Médium Divaldo P. Franco. Editora LEAL. Cap. Espiritismo no lar).

Primeiramente siga com fé e na certeza da importância do Evangelho no lar. Você não está sozinha, pois tem a companhia dos bons espíritos e daqueles que necessitam do estudo e das suas preces. Os Espíritos necessitados que são levados pelos mentores para se beneficiarem do seu culto acompanharão mentalmente suas leituras e orações. O calor ou frio que sente podem ser resultantes da aproximação de entidades sofredoras. Mas, é melhor averiguar se os sintomas não decorrem de suas emoções. Antes de admitir que tal ou qual fato seja resultado de interferência espiritual, se faz necessário que eliminemos todas as possíveis razões que poderão explicar o fenômeno.

Durante o Evangelho no Lar as irradiações gerais, pedido o amparo Divino ao lar e à humanidade é sempre preferível às sintonias diretas com ambientes deletérios. O Centro Espírita é o local mais indicado para a prática das irradiações e convém delas participar o médium que tenha a devida orientação e segurança para evitar sintonias indesejadas.

A oração é o ato supremo de ligação da criatura com o criador. Podemos louvar, pedir e agradecer. Orar pelo inimigos é prova de reconciliação, de amor, de perdão e de desprendimento das vaidades pessoais. Orar pelos doentes é manifestação de caridade. Não existe hora nem local indicado para oração, já que a prece é um arroubo da alma, que prescinde das palavras, pois tem base no sentimento. Consideremos na prece como um ato de evocação, podemos orar a Deus, a Jesus ou aos Bons Espíritos, cumpridores dos desígnios de Deus. Assim, quando orarmos em benefício dos enfermos, dos que não nos estimam ou dos que padecem desequilibrios de todas ordem, elevemos o pensamento ao mais alto, evitando sintonizar com o beneficiário da prece, limitando-se a pedir que a eles sejam encaminhados o melhor amparo. Aqui entramos na questão da sintonia, pois pensando no desafeto ou no enfermo diretamente, dependendo da sensibilidade e da experiência do médium, ocorrerá a assimilação de fluxos mentais indesejados. Aqueles que ainda não conseguem controlar a sintonia mental, devem evitar longas mentalizações direcionadas, já que em função da ausência de aprendizado poderão ter sensações inesperadas. Existem médiuns que conseguem fazer irradiações diretas, muitos assimilam as sensações do enfermo, mas, dado seu preparo, colaboram e dessintonizam naturalmente. Yvonne do Amaral Pereira detinha essa possibilidade, como ela mesma descreve em “Recordações da mediunidade” (FEB) e em “Devassando o invisível” (FEB). Por nossa vez, oremos estabelecendo a sintonia mais elevada, peçamos a Deus o amparo a quem pretendemos e deixemos ao Pai os cuidados daquele para quem se ora. Dessa forma, ter-se-á sempre a sintonia benéfica dos planos celestiais elevados. Devemos fazer da prece um hábito, orar pela manhã, agradecendo o amparo da noite, e ao deitar, rogando o acolhimento do benfeitores espirituais.

No dia 1 de abril de 1858 Allan Kardec fundou a Sociedade Parisiense de Estudos Espíritas, após isso não temos mais referências de que o Codificador tenha optado pessoalmente por sessões mediúnicas em residências. A Revista Espírita em seus diversos volumes é fértil em informações a esse respeito. Espíritos como Emmanuel, André Luiz, Manoel Philomenno de Miranda, pelos médiuns que lhes retratam os pensamentos, dentre outros, têm uma comparação interessante sobre a prática mediúnica no Centro Espírita e no lar. O Centro Espírita é um hospital. No lar podem ser prestados socorros paliativos. Mas, nunca um substitui o outro. A prece, o estudo do Evangelho, as boas irradiações para os desfavorecidos do corpo e da mente são os paliativos. O aparato desobessivo, em toda sua complexidade, por exemplo, é comportável no Centro Espírita. Não podemos resumir a questão em poder ou não realizar a prática mediúnica em residências, essa decisão compete ao morador. O Espiritismo se presta a orientar com segurança sobre a conveniência ou não do cometimento. Assim se expressa André Luiz no livro “Desobsessão” (FEB), psicografado por Chico Xavier, cap. 9:

“À medida que se nos aclara o entendimento, nas realizações de caráter mediúnico, percebe-mos que as lides da desobsessão pedem o ambiente do templo espírita para se efetivarem com segurança.

Para compreender isso, recordemos que, se muitos doentes conseguem recuperar a saúde no clima doméstico, muitos outros reclamam o hospital.

Se no lar dispomos de agentes empíricos a benefício dos enfermos, numa casa de saúde encontramos toda uma coleção de instrumentos selecionados para a assistência pronta.

No templo espírita, os instrutores desencarnados conseguem localizar recursos avançados do plano espiritual para o socorro a obsidiados e obsessores, razão por que, tanto quanto nos seja possível, é aí, entre as paredes respeitáveis da nossa escola de fé viva, que nos cabe situar o ministério da desobsessão.”

O Evangelho no lar é um momento de reunião da família em torno dos ensinamentos do Cristo à luz da Doutrina Espírita e não deve ser transformado em reunião mediúnica, com a manifestação de Espíritos. Em muitos capítulos de “O livro dos médiuns”, Allan Kardec orienta que o médium deve ter muito cuidado no exercício da sua faculdade, e ele traça uma série de recomendações para que o mesmo não caia nas armadilhas dos Espíritos inferiores, através dos processos obsessivos, especialmente da fascinação. O Codificador diz que a obsessão constitui-se num dos maiores escolhos na prática do Espiritismo, quando esta não se realiza dentro dos padrões orientados pelos Espíritos superiores. Portanto, embora, os Espíritos que lhe assessoram possam não ter intenções de prejudicá-la, só o fato de utilizarem a sua faculdade em um momento de recolhimento íntimo, como é o Evangelho no lar, demonstra que não são Espíritos elevados, pois estes não procederiam assim. Aconselhamos à amiga procurar um Centro Espírita que disponibilize um estudo sequencial e específico com vistas à prática mediúnica da mediunidade, para futuramente, exercer a sua mediunidade em reuniões mediúnicas sérias e instrutivas, onde possa ser o instrumento útil aos benfeitores espirituais no atendimento aos irmãos em sofrimento.
Muitos podem objetar que suspender o exercício da mediunidade em casa, pós anos de trabalho seria uma medida excessivamente rigorista, já que não se evidenciou qualquer prejuízo ao médium e à família. No entanto, a orientação à pratica mediúnica em local apropriado provém de benfeitores espirituais de elevada hierarquia, qual o anotado por André Luiz, pela mediunidade de Waldo Vieira (FEB), cap. 11, falando acerca do Centro Espírita: “O templo é local previamente escolhido para encontro com as Forças Superiores.”
Em casa, sem o contato com outras pessoas, sem um acompanhamento de orientador esclarecido, sem colocar a mediunidade a serviço do semelhante, podemos entrar num exclusivismo e criar sistemas pessoais de interpretação do Espiritismo e da nossa relação com o Espíritos, o que por si só constitui-se num prejuízo à verdade. Sendo o médium orientado por um Mentor elevado, este ligado ao pensamento dos Espíritos sublimados, nada estranhará a interrupção da prática mediúnica doméstica, conduzindo-a para um lugar e horário apropriados, já que são eles, os Luminares Espirituais que assim o orientam. Caso a entidade que conduza o médium se sinta agastado com tal preceito, revelará sua real condição de Espírito inferior, necessitado de disciplina, que prega conceitos pessoais e não da alçada dos condutores da humanidade. Chico Xavier, Divaldo P. Franco, Yvonne do A. Pereira sempre optaram pelo exercício da mediunidade em Centro Espírita, conquanto o caráter missionário de ambos lhes conferissem, por vezes, o sacrifício da mediunidade noutros ambiente. No entanto, sempre que necessário o fizeram com disciplina e após um período mais ou menos logo de segura adequação aos ditames da Casa Espírita. Se Chico Xavier, por exemplo, preferiu a soledade da “Fazendo Modelo”, local que lhe foi cedido para a recepção de alguns livros, isso ocorreu devido à natureza de sua tarefa perante a coletividade, não se constituindo num privilégio, mas para evitar interferências psíquicas à obra mediúnica que produzia. Reflitamos sobre a conduta daqueles que estão à nossa frente, para buscar o aprimoramento pessoal, até que possamos trilhar com segurança as lides da mediunidade.

Temos acompanhado o esforço dos irmãos que residem em localidades em que não existe um Centro Espírita, mormente fora do Brasil. Notamos o grande desejo de terem um local mais apropriado para seus estudos e práticas. Cremos seguramente que os benfeitores espirituais auxiliarão, e no momento apropriado o local devido será localizado, quando florescerá um Centro Espírita. Enquanto isso não é possível, faça do lar um templo de amor e de concórdia, de paciência e de compreensão, para que os elevados Mentores Espirituais encontrem ambiente adequado Se nos falta o hospital devidamente aparelhado, todo telheiro serve de tenda para ajudar o necessitado. Mas, para efetivamente auxiliar, é necessário preparo. Estudo antes do serviço enseja competência. Abrir o lar à prática mediúnica exige cuidados redobrados, pois é luz que se acende em noite escura, que atrai todo tipo de viandante. Não se deve temer, mas saber como agir, e isso requer estudo. Ter condição de servir ao que surge no caminho, demanda paciência, humildade, tolerância e vigilância. Lembremos da oração diária, que é grande fator de proteção para todos. Os pioneiros enfrentaram tais desafios e venceram, com fé, oração e confiança. Nas regiões que existem Centros Espíritas e estes são preteridos para a realização de reuniões mediúnicas em casa não podem alegar qualquer tipo de improvisação, não retrocedem às etapas iniciais do movimento espírita, pois já sabem como e onde fazer.

Tornar-se “senhor de si” representa o quadro de responsabilidades que o médium deve assumir, evitando subjugar-se ao desejo e indução de mentes malévolas. Constitui-se na assunção do compromisso de estudar, trabalhar e renovar-se moralmente, sem que permaneça ao sabor das emoções indisciplinadas, que tanto lhe comprometem a evolução. Sem conhecimento e sem amadurecimento o exercício de qualquer faculdade mediúnica na soledade do lar pode conduzir a falsas interpretações, com relação à qualidade do ditado mediúnico e do Espírito que o guia. Sem humildade sincera, sem vontade de aprender, sem valorizar o auxílio e experiência daqueles que já trilharam a marcha do saber espiritual, podemos cair nas armadilhas do caminho, tomando certo o errado. Por isso, em sua sabedoria, Allan Kardec aconselha que se submeta toda a produção medianímica a pessoas experientes e moralmente abalizadas, para que se possa, com isenção, analisar, o conteúdo da mensagem e identificar sua fonte originária. Os Espíritos superiores tudo fazem a benefício de seus tutelados, mas esperam que estes aprendam a disciplina de locais e horários apropriados ao exercício mediúnico. Tais considerações que ora expressamos não se origina de nosso saber pessoal, mas dos livros de segura orientação doutrinária, nos quais embasamos as respostas, que, no entanto, devem ser tomadas por todos como singelos conselhos ou sugestões.