Perguntas e Respostas

Mediunidade no Plano Espiritual

Perguntas elaboradas pelos participantes do grupo Telegram @febtv_mediuns, referente à série apresentada por Jacobson Sant’ana Trovão “Estudando O Livro dos Médiuns”, canal da FEBtv no YouTube, e respondidas por uma equipe de estudiosos do tema.

Vedada a reprodução, finalidade meramente de estudo da mediunidade à luz do espiritismo.

Os médiuns encarnados são convocados pelos Espíritos Superiores para colaborarem no processo desobsessivo durante o sono. A sensação descrita por diversos médiuns é a de que se sentem em plena reunião mediúnica, embora muitos relatem ambientes diversos. As obras do Espírito Manoel Philomeno de Miranda sempre narram esses acontecimentos. O último: “No rumo do mundo de regeneração”, você vai encontrar muitas dessas reuniões, onde a médium encarnada Malvina colabora com a equipe espiritual durante a madrugada. Há um momento em que Philomeno descreve:

“A médium malvina amanhecera enfraquecida pelo desgaste da comunicação com o anãozinho, e durante a prece do alvorecer, mantendo-se vinculada ao seu guia espiritual, foi melhorando no trabalho que lhe dizia respeito e seguiu a faina das suas atividades.” (Cap. 14, p. 208).

Naturalmente, o médium recebe o amparo devido, e tais sensações desagradáveis, se ocorrerem, tendem a desaparecer pelo envolvimento na prece e nas lidas diárias.

No livro “Libertação” (FEB), de André Luiz, psicografado por Chico Xavier, capítulo 18, existe a descrição de um fenômeno de materialização de um elevado Espírito ocorrida no plano espiritual. O mentor Gúbio foi o Espírito-médium doador dos fluidos para a materialização de Matilde. Segue a descrição:

“[…] o sábio mentor se recolhia a dois passos de nós, em profunda meditação.
Reparamos, em silêncio, que luz brilhante e doce passou a se lhe irradiar do peito, do semblante e das mãos, em ondas sucessivas, semelhando-se a matéria estelar, tenuíssima, porque as irradiações pairavam em torno, como que formando singulares paradas nos movimentos que lhe eram característi-cos. Em breves instantes, aquela massa suave e luminescente adquiria contornos definidos, dando-nos a ideia de que manipuladores invisíveis lhe infundiam plena vida humana.

Mais alguns instantes e Matilde surgiu diante de nós, venerável e bela.

O fenômeno da materialização de uma entidade sublimada ali se fizera prodigioso aos nossos olhos, em processo quase análogo ao que se verifica nos círculos carnais.”
Na bela descrição vemos o uso das expressões: “matéria estelar” e “processo quase análogo ao que se verifica nos círculos carnais”.

Assim, temos a manipulação de um estado de matéria desconhecido no plano material.

Quando ocorre a desencarnação perde-se os sentidos físicos como o entendemos. A pessoa não tem mais os olhos físicos para ver, ela vê com a mente, mais disso não se apercebe de imediato. Os olhos perispirituais não tem a mesma função dos olhos físicos. Não sente com a pele, mas com o perispírito muito mais sensível ao ambiente e a outras pessoas. O desencarnado perdeu a possibilidade de uso dos cinco sentidos básicos, como era habituado a fazer. Ou seja, o sentido mediúnico comanda as percepções já que na vida espiritual não se tem o limite do corpo físico. No entanto, essa adaptação ao sentido novo é lento e não impede a sensação de ver, ouvir e sentir como se no corpo físico estivesse. É André Luiz no livro “Obreiros da vida eterna” (FEB), cap. 18 assim esclarece sobre a eclosão da mediunidade no leito de morte, falando do personagem Cavalcante:

“O enfraquecimento físico acentuar-se-á vertiginosamente, de ora em diante, e, com espaço de algumas horas, as percepções espirituais de Cavalcante se farão sentir.” […] “Abriram-se-lhe certos centros psíquicos, no avançado abatimento do corpo, e o infeliz passou a enxergar os desencarnados que ali se encontravam, não longe dele, na mesma esfera evolutiva.”

Podemos sim atuar como médium no Plano Espiritual, intermediando uma dimensão superior para uma inferior. O procedimento é mais simples do que um Espírito superior se materializar numa dimensão inferior. Um Espírito inferior poderá também se beneficiar das energias mais densas do médium. A mediunidade é um sentido que mantemos mesmo depois de desencarnados. Mediunidade é um patrimônio da alma que se manifesta através corpo, tanto do físico quanto do perispírito.

O objetivo do atendimento ao desencarnado pelo transe é mediúnico, visa, dentre outros, o despertamento do desencarnado na vida espiritual. A sua pergunta e a resposta consta do livro “Missionários da Luz”, capítulo 17, com uma observação, à época André Luiz usava o termo “doutrinador”, mais tarde ele substitui para “médium esclarecedor”:

“– Porque a doutrinação em ambiente dos encarnados? – indaguei. – Semelhante medida é uma imposição no trabalho desse teor?

– Não – explicou o instrutor –, não é um recurso imprescindível. Temos variados agrupamentos de servidores do nosso plano, dedicados exclusivamente a esse gênero de auxílio. As atividades de regeneração em nossa colônia estão repletas de institutos consagrados à caridade fraternal, no setor de iluminação dos transviados. Os postos de socorro e as organizações de emergência, nos diversos departamentos de nossas esferas de ação, contam com avançados núcleos de serviço da mesma ordem. Em determinados casos, porém, a cooperação do magnetismo humano pode influir mais intensamente, em benefício dos necessitados que se encontrem cativos das zonas de sensação, na crosta do Mundo. Mesmo aí, contudo, a colaboração dos amigos terrenos, embora seja apreciável, não constitui fator absoluto e imprescindível; mas, quando é possível e útil, valemo-nos do concurso de médiuns e doutrinadores humanos, não só para facilitar a solução desejada, senão também para proporcionar ensinamentos vivos aos companheiros envolvidos na carne, despertando-lhes o coração para a espiritualidade.”

Dissemos que a ciência comprovou que a audição é o último sentido a ser perdido pelo desencarnante e que a mediunidade é a primeira que se desperta no plano espiritual. Assim, o médium audiente continuará audiente, pois a mediunidade é patrimônio do Espírito, segue com ele após a desencarnação. A preparação para a morte, segundo Emmanuel, se faz no dia a dia, pela transformação moral do ser e não somente no exato momento do desprendimento do corpo físico.