Perguntas e Respostas

Mediunidade na Infância

Perguntas elaboradas pelos participantes do grupo Telegram @febtv_mediuns, referente à série apresentada por Jacobson Sant’ana Trovão “Estudando O Livro dos Médiuns”, canal da FEBtv no YouTube, e respondidas por uma equipe de estudiosos do tema.

Vedada a reprodução, finalidade meramente de estudo da mediunidade à luz do espiritismo.

Considerando a mediunidade como um atributo natural do ser humano, o ideal é que toda criança recebesse educação, com base no Evangelho de Jesus e tendo, na medida de seu entendimento, interesse e amadurecimento, o ensino de que vivemos em mundos paralelos e que as distâncias entre aqueles que se amam são vencidas pelo pensamento. A mediunidade deve ser conhecida desde cedo, familiarizando a criança com a compreensão da vida ensejada pelo Espiritismo. A doutrina espírita codificada por Allan Kardec tem essa missão: fortalecer o nosso entendimento de que somos Espíritos com um corpo que nos serve de roupagem provisória, e aqui estamos para aprender, ressarcindo nossas faltas do passado e tendo a oportunidade de subir mais um degrau na escada da evolução. No caso narrado, efetivamente não se poderia cercear o direito da criança relatar o que estava percebendo. Somente pelo relato dela os pais poderiam avaliar o que estava ocorrendo e dar a orientação. Quanto ao papel, dependendo da criança escrever ou desenhar é mais fácil que falar. O cuidado é não induzir a uma psicografia, quando a criança nesse caso estaria em transe. No entanto, ao que parece, a criança estava lúcida, apenas foi dado a ela oportunidade de se expressar como mais lhe conviesse. Com crianças médiuns o equilíbrio é sempre desejável, não estimular a prática mediúnica, mas se o fenômeno ocorrer, cabe a orientação.

Os filhos devem receber a melhor orientação evangélica e não somente a instrução do mundo. Compreendamos, porém, a necessidade de adaptar à possibilidade de entendimento da criança os ensinos espíritas. Conversar com a criança que tem melancolia, que afirma deseja o desencarne é útil e necessário. Existem estados de lembrança de vivências passadas que devem ser devidamente orientadas, para que alma compreenda o valor da atual reencarnação. É sempre de bom senso buscar apoio médico e psicológico capacitado para avaliar tal quadro de sensações e sentimentos, visando excluir a possibilidade de enfermidade de base. Mantenha a segura vigilância, com a oração, a leitura do Evangelho de Jesus, o diálogo para que tal estado descrito na pergunta não se agrave, evoluindo para estados de perturbação enfermiça de curso complexo.

No Espírito reencarnado, quando no período infantil, os laços perispiríticos que o prendem à matéria (corpo físico) ainda não se consolidaram, o que vai acontecer em torno dos 7 a 8 anos, e, por isso, a criança vê, ouve e conversa com os Espíritos tão naturalmente como se o fizesse com as pessoas. É assim mesmo, e a família, os pais e responsáveis, devem observar, mas não reforçar ou exaltar estas capacidades, que são perfeitamente normais nas crianças pequenas. Com o desenvolvimento dos órgãos e a integração do Espírito ao seu novo corpo, estes episódios tornam-se cada vez mais espaçados, tendendo a desaparecer, pois o Espírito estará adaptado à sua atual condição de reencarnado. Assim como ver e ouvir, pode também se produzir na casa fenômenos físicos, como barulhos, batidas, etc. Então, o que fazer para que esta fase seja vivida com naturalidade? Como foi dito, não chamar a atenção da criança e encaminhá-la à evangelização, num Centro Espírita sério. Também, contribui muito a oração com a criança e em família, através do evangelho no lar, a água fluidificada, a leitura de livros espíritas infantis apropriados à idade, a conduta saudável das pessoas que convivem com a criança, para que ela se sinta segura e amada. E, na medida do possível, que os pais também participem do estudo doutrinário e de atividades no Centro Espírita, assistam palestras, integrem grupos de pais e colaborem em atividades voluntárias. Sugerimos ainda, a leitura de “O Livro dos Espíritos”, nas questões 379 a 385 sobre a “volta do Espírito à vida corporal (infância)”.

Em toda ciência o tempo e a experiência ensejam maiores conhecimentos e as práticas evoluem para melhor. Vemos que o Codificador em seu pioneirismo nem sempre encontrou facilidades no árduo e sublimado trabalho que empreendeu. À época, utilizava de médiuns sem nenhum conhecimento, que intermediavam um saber que estavam ainda longe de compreender. Então, encontramos registros da
participação de crianças e adolescentes no Espiritismo nascente. Na atualidade, com o conjunto do trabalho do Codificador consolidado e com a possibilidade interpretativa de que dispomos, sobretudo pelo esforço de estudiosos abalizados, como Léon Denis, Bozzano, Delanne, e outros, e mais atualmente o contributo inestimável de médiuns que renunciaram a tudo a serviço da causa espírita, qual Chico Xavier, Yvonne do Amaral Pereira, Divaldo P. Franco e outros, não existe mais a necessidade de se utilizar adolescentes para a tarefa da mediunidade. Um jovem adolescente, ou mesmo uma criança, ainda em formação física e psicológica podem sofrer grande abalo na prática mediúnica sistemática das reuniões mediúnicas periódicas, bem como sofrerem sério prejuízo com a assunção de uma responsabilidade qual a da mediunidade ostensiva. Ainda têm um vida de formação escolar e profissional a ser atendida, e a mediunidade de serviço contínuo pode afetar suas escolhas pessoais, sobretudo por lhes faltar, em maioria, o conhecimento e discernimento para suportarem o dever que a mediunidade exige. Devemos considerar também a evolução legal de amparo à criança e ao adolescente, sobretudo no Brasil, que, na busca do melhor interesse no menor, impõe cuidados na preservação do seu desenvolvimento indene de perturbações. Assim, a sugestão de que a prática mediúnica se efetive somente após os dezoito anos de idade é medida de bom senso, na orientação dos jovens médiuns.

As crianças e os adolescentes que forem médiuns de efeitos físicos são doadores de fluidos naturalmente, sem o saberem, o que não traz nenhum prejuízo a elas. Não se pode inferir que tais crianças ou adolescentes devam participar de reunião mediúnica. Segundo Allan Kardec, em “O livro dos médiuns”, capítulo 18, o exercício da mediunidade na infância, e podemos incluir na adolescência, pode provocar grandes abalos físicos e emocionais.