O raciocínio de Allan Kardec sobre o “dai de graça o que de graça recebestes” este devidamente expresso em “O evangelho segundo o Espiritismo”, cap. 26:
“Os médiuns atuais — pois que também os apóstolos tinham mediunidade — igualmente receberam de Deus um dom gratuito: o de serem intérpretes dos Espíritos, para instrução dos homens, para lhes mostrar o caminho do bem e conduzi-los à fé, não para lhes vender palavras que não lhes pertencem, a eles médiuns, visto que não são fruto de suas concepções, nem de suas pesquisas, nem de seus trabalhos pessoais. […] Quem conhece as condições em que os bons Espíritos se comunicam, a repulsão que sentem por tudo o que é de interesse egoístico, e sabe quão pouca coisa se faz mister para que eles se afastem, jamais poderá admitir que os Espíritos superiores estejam à disposição do primeiro que apareça e os convoque a tanto por sessão.” (Grifos no original)
Como Kardec se baseia nas instruções dos Espíritos elevados e nos ensinamentos de Jesus, tal preceito ético-moral é atemporal. Se aplica a todo ato que se configure prática mediúnica. No caso das chamadas terapias alternativas (Reiki, theta healing, barras de Access, constelação familiar, e outras), que se constituem em técnicas colaborativas para a promoção da saúde, ao serem ministradas não se pode inferir que o terapeuta esteja em atividade mediúnica, embora bons Espíritos possam lhe assistir espontaneamente e genericamente todos sejamos médiuns, ostensivos ou não. O conhecimento terapêutico, no caso, decorre de uma formação acadêmica especializada. Por comparação, temos o profissional médico sincero, que obtenha o amparo espiritual em favor do doente, mas o ofício que emprega é fruto de seu labor, por isso merece a remuneração compatível.