Perguntas e Respostas

Mediunidade e Sintonia

Perguntas elaboradas pelos participantes do grupo Telegram @febtv_mediuns, referente à série apresentada por Jacobson Sant’ana Trovão “Estudando O Livro dos Médiuns”, canal da FEBtv no YouTube, e respondidas por uma equipe de estudiosos do tema.

Vedada a reprodução, finalidade meramente de estudo da mediunidade à luz do espiritismo.

A prece intercessória tem um inestimável poder e aqueles que a recebem serão sempre gratos. Não há nenhum inconveniente em se fazer prece pelos suicidas durante o Evangelho no lar. Não devemos esquecer que nos momentos de estudo sério da Doutrina espírita e do Evangelho de Jesus, há sempre trabalhadores da Seara do Senhor ali presentes para nos inspirar e proteger. Por oportuno, no cap. 28, item 31, de O Evangelho segundo o Espiritismo (FEB), o Codificador sugere uma prece para os suicidas. Permita-nos um trecho do livro Memórias de um suicida, da Yvonne do Amaral Pereira, editado pela FEB:

“De qualquer forma, porém, a Prece, como vistes, externada com amor e veemência em favor de um suicida, é o sacrossanto veículo que carreia, em qualquer tempo, inestimáveis consolações, mercês celestes para aquele desafortunado, porquanto é um dos valiosos elementos de socorro estatuídos pela citada lei em favor dos que sofrem, elemento com o qual ela conta a fim de acionar vibrações balsamizantes necessárias ao tratamento que a carência do mártir requer, constituindo, por isso mesmo, erro calamitoso a negativa, por parte das criaturas terrenas, desse ato de solidariedade, interesse e beneficência, pela injusta suposição de que seria inútil sua aplicação por irremediável a desgraçada situação dos suicidas! A Prece, ao contrário, torna-se ato de tão louvável e prestimosa repercussão, que aquele que ora, por um de vós, faz-se voluntário colaborador dos obreiros da Legião de Maria, coadjuvando seus esforços e sacrifícios na obra de alívio e reeducação a que se devotaram!” (Grifo nosso). É importante diferenciar a prece feita com amor, quando se mentaliza Jesus e pede ao Mestre o amparo a esse ou aquele sofredor; prece que sempre eleva e proporciona o bem estar tanto ao que ora quanto ao beneficiário da prece, das irradiações em que o médium se concentra num enfermo ou num lugar especificamente, buscando visualizações diretas, o que estabelece uma sintonia e um campo magnético de atratividade. Pois, nesse caso, o médium, dependendo de sua sensibilidade, se iniciante ou despreparado, poderá assimilar a atmosfera espiritual dos lugares ou dos enfermos para os quais mentaliza e sentir a emanações fluidicas de ambos. Isso decorre da possibilidade psicométrica de cada médium. É bem verdade que embora isso possa ocorrer são sensações e percepções passageiras, das quais o médium se livra pela desconcentração mental.

A telepatia é um fenômeno anímico e que surge espontaneamente quando duas mentes se sintonizam. Portanto, a maioria das pessoas está em contato telepático permanente, sem o saberem. Telepatia é sintonia. Estudando-se a mediunidade, no capítulo da sintonia, está-se estudando a telepatia. O desenvolvimento da telepatia, como de qualquer outra faculdade psíquica, sob o orientação espírita, decorre do estudo, da disciplina, da oração, da meditação, da perseverança e da prática do bem. Dessa forma, equilibra-se a mente, estabelece-se uma sintonia com os benfeitores espirituais. O médium, oferecendo condições propícias aos benfeitores espirituais, será sempre instrumento útil à pratica do bem.

Os Espíritos superiores tudo sabem e ouvem, pois leem nossos mais íntimos pensamentos. Os Espíritos inferiores somente prestam atenção naquilo que lhes interessam. Alguns nos veem, outros nos seguem, outros nos influenciam, e outros nem se atentam à nossa presença. A sintonia se dá pelo interesse comum entre encarnado e desencarnado. Como estamos num ambiente de estudo, nos permita uma observação, pois foi usada na pergunta a expressão “fora do corpo do médium”, tecnicamente o mais adequado seria “sem o estado transe mediúnico”, para não se fixar a ideia de que um Espírito “entra no corpo do médium”. A ligação entre Espírito e médium é mente a mente, perispírito a perispírito.

A palavra “simpatia” utilizada por Kardec não significa o antônimo de “antipatia”. Não se refere a gostar ou não gostar de uma pessoa. Simpatia em mediunidade significa afinidade psíquica, sintonia. O médium com variadas possibilidade psíquicas pode se sintonizar com diversas categorias de Espíritos. A afinidade é base para a possibilidade do contato mental entre um encarnado e um desencarnado. Chico Xavier, por exemplo, dada sua elevação moral e intelectual se sintonizava com entidades angélicas, mas também com Espíritos inferiores. Assim, afinidade é a possibilidade de atração magnética mental de um médium, dada a melabilidade de sua frequência psíquica para a captação de pensamentos. Sintonia decorre da afinidade. A palavra semelhança usada no texto abaixo se refere às emanações fluídicas do médium que podem ser acolhedoras ou repulsivas de um Espírito. Mas, veja uma alma elevada assimila pensamentos de Espíritos inferiores, sobretudo para o atendimento pelo transe, pela sua capacidade de sintonia ampla. Observe a seguinte explicação do Codificador:

“[…] para se comunicar, o Espírito desencarnado se identifica com o Espírito do médium, esta identificação não se pode verificar, senão havendo, entre um e outro, simpatia e, se assim é lícito dizer-se, afinidade. A alma exerce sobre o Espírito livre uma espécie de atração, ou de repulsão, conforme o grau da semelhança existente entre eles..” (LM, item 227)

De acordo com os dicionários, AFINIDADE é a “identidade ou semelhança de tendências ou sentimentos”, ou seja, é a conformidade de gostos, ideias, pensamentos, propósitos, pontos de vista. E, SINTONIA, é a “harmonia, acordo no pensar ou no sentir”. Portanto, ambos os termos possuem o mesmo significado.
Porém, em mediunidade, a SINTONIA acontece em virtude da atração que se estabelece entre as pessoas, estejam encarnadas ou desencarnadas, que possuem AFINIDADES. Divaldo Franco, em DIRETRIZES DE SEGURANÇA, Q. 27, diz que “a SINTONIA é a identificação, pois estamos sempre acompanhados daqueles que nos são AFINS” (AFINIDADE). E, cita o exemplo de “uma rádio que emite uma onda que é captada por um receptor na mesma faixa vibratória”. Assim, “quando a emissão de uma onda (pensamento, sentimento, etc.) encontra ressonância num campo vibratório equivalente, se estabelece a SINTONIA”. Por exemplo, Chico Xavier e Emmanuel, Divaldo e Joanna de Ângelis.
No transe mediúnico, há uma SINTONIA momentânea entre o Espírito comunicante e o médium, muitas vezes em virtude da AFINIDADE FLUÍDICA que se estabelece entre ambos.

A base da mediunidade é a sintonia. Sintonizando-se com uma pessoa encarnada ou desencarnada o médium assimilará suas dores, angustias, anseios, dependendo do grau de sensibilidade do médium e da afinidade com a pessoa. Tais sensações não podem ser classificadas como desequilíbrio, pois são fenômenos naturais em todo médium. No entanto, enquanto o médium não estudar e não aprender o controle das emoções, dedicar-se à oração, à meditação e à prática do bem, poderá ficar vulnerável a tais sensações. Reconhecendo em si a natural disposição para assimilação dos fluidos perispirituais de um enfermo, o ideal é recolher-se em oração, buscando auxiliar o doente, confiando-o ao amparo de Jesus. Dessa forma, a sensação se desfaz gradativamente. No entanto, impressionado-se com tais percepções ou sensações, manterá a sintonia, e, devido a isso, poderá sofrer uma indução de controle mais complexo.