No capítulo 1 item 38 do livro “A Gênese” Allan Kardec faz um estudo comparado da doutrina teológica que estabelece o “pecado original” com a doutrina milenar oriental da “reencarnação”, chancelada, com alterações, pelos Espíritos da Codificação Espírita. A expressão “pecado original” não consta da Bíblia, mas é usada pelos teólogos para descrever o pecado com que todo ser humano nasce. Remonta a Adão e Eva, quando o “pecado teria entrado no mundo por por meio de um só homem” (Paulo, RO, 5:12). Essa tese não é acolhida pelos Espíritos que orientaram Kardec. Para eles todos nascemos originalmente, ou seja criados por Deus, sem saberes ou tendências, isto é simples e ignorantes, conforme questão 115 de “O livro dos Espíritos”. A essência do estudo de Kardec remonta à busca do origem do mal, que seria, segundo a teologia, repassado de geração a geração por causa do pecado de Adão que comeu do fruto da árvore do conhecimento do bem e do mal. O Mentores de Kardec afirmam o contrário, o “mal” decorre da infância espiritual da humanidade, que um dia dele se livrará, e não por causa do erro de um só homem. A cada reencarnação a experiência do erro e do acerto dão a formação sublimada do ser humano espiritualizado. Tendências viciosas que uma pessoa possa ter decorrem de hábitos criados por ela mesma em outras reencarnações, e o aprendizado com as provas e expiações fará com que um dia sejam superadas. Assim, “pecado original” ou tendências negativas inatas de uma pessoa decorrem delas mesmas, relativamente às suas anteriores reencarnações. No mesmo sentido, o progresso feito numa reencarnação, com a conquista de valores morais, dão ao indivíduo natural propensão a seguir fazendo o bem, pois a alma de uma reencarnação a outra sempre progride, por mais rudes sejam suas provas e expiações. No mesmo item 38 referido temos: “ Com a preexistência o homem traz, ao renascer, o germe das suas imperfeições, dos defeitos de que não se corrigiu e que se traduzem pelos instintos naturais e pelos pendores para tal ou qual vício. É esse o seu verdadeiro pecado original cujas consequências sofre naturalmente, mas com a diferença capital de que sofre a pena das suas próprias faltas, e não a pena das faltas cometidas por outrem.” Nesse contexto, a expressão “pecado original” é usada simbolicamente. No mesmo sentido, ainda no item 38, a expressão “saber original” é simbólica, usada para dizer das conquistas da alma ao longo das várias reencarnações. Cada um de nós traz o “saber original próprio” ou seja os progressos conquistados em outras reencarnações, que estão gravados em nossa memória perispiritual, e se expressam em forma de desejos, hábitos, tendências, capacidades, facilidades, aflorando espontaneamente na consciência, emergindo do subconsciente, dando-nos a capacidade de decidir entre fazer o bem ou o mal.