Perguntas e Respostas

Mediunidade e Estudo

Perguntas elaboradas pelos participantes do grupo Telegram @febtv_mediuns, referente à série apresentada por Jacobson Sant’ana Trovão “Estudando O Livro dos Médiuns”, canal da FEBtv no YouTube, e respondidas por uma equipe de estudiosos do tema.

Vedada a reprodução, finalidade meramente de estudo da mediunidade à luz do espiritismo.

Sobre o estudo espírita e a sua aplicação prática devemos considerar o fator tempo para a adequada assimilação dos conteúdos. Nada de consegue de um instante a outro. O próprio Jesus nos aguarda a decisão de segui-lo integralmente há séculos. Contudo, se as grandes conquistas demandam tempo, cumpre-nos a boa vontade e o esforço perseverante dia após dia para nos ajustarmos ao padrão dos Luminares da Alta Espiritualidade, se pretendemos servir-lhes junto a obra do bem.

No capítulo 1 item 38 do livro “A Gênese” Allan Kardec faz um estudo comparado da doutrina teológica que estabelece o “pecado original” com a doutrina milenar oriental da “reencarnação”, chancelada, com alterações, pelos Espíritos da Codificação Espírita. A expressão “pecado original” não consta da Bíblia, mas é usada pelos teólogos para descrever o pecado com que todo ser humano nasce. Remonta a Adão e Eva, quando o “pecado teria entrado no mundo por por meio de um só homem” (Paulo, RO, 5:12). Essa tese não é acolhida pelos Espíritos que orientaram Kardec. Para eles todos nascemos originalmente, ou seja criados por Deus, sem saberes ou tendências, isto é simples e ignorantes, conforme questão 115 de “O livro dos Espíritos”. A essência do estudo de Kardec remonta à busca do origem do mal, que seria, segundo a teologia, repassado de geração a geração por causa do pecado de Adão que comeu do fruto da árvore do conhecimento do bem e do mal. O Mentores de Kardec afirmam o contrário, o “mal” decorre da infância espiritual da humanidade, que um dia dele se livrará, e não por causa do erro de um só homem. A cada reencarnação a experiência do erro e do acerto dão a formação sublimada do ser humano espiritualizado. Tendências viciosas que uma pessoa possa ter decorrem de hábitos criados por ela mesma em outras reencarnações, e o aprendizado com as provas e expiações fará com que um dia sejam superadas. Assim, “pecado original” ou tendências negativas inatas de uma pessoa decorrem delas mesmas, relativamente às suas anteriores reencarnações. No mesmo sentido, o progresso feito numa reencarnação, com a conquista de valores morais, dão ao indivíduo natural propensão a seguir fazendo o bem, pois a alma de uma reencarnação a outra sempre progride, por mais rudes sejam suas provas e expiações. No mesmo item 38 referido temos: “ Com a preexistência o homem traz, ao renascer, o germe das suas imperfeições, dos defeitos de que não se corrigiu e que se traduzem pelos instintos naturais e pelos pendores para tal ou qual vício. É esse o seu verdadeiro pecado original cujas consequências sofre naturalmente, mas com a diferença capital de que sofre a pena das suas próprias faltas, e não a pena das faltas cometidas por outrem.” Nesse contexto, a expressão “pecado original” é usada simbolicamente. No mesmo sentido, ainda no item 38, a expressão “saber original” é simbólica, usada para dizer das conquistas da alma ao longo das várias reencarnações. Cada um de nós traz o “saber original próprio” ou seja os progressos conquistados em outras reencarnações, que estão gravados em nossa memória perispiritual, e se expressam em forma de desejos, hábitos, tendências, capacidades, facilidades, aflorando espontaneamente na consciência, emergindo do subconsciente, dando-nos a capacidade de decidir entre fazer o bem ou o mal.

As suas conclusões são concordes com as explicações dos Espíritos elevados; manipulamos os fluidos com os nossos pensamentos e damos a eles o impulso e a direção dos nossos desejos, sempre arremessados qual raios de ação, rumo ao foco de nossas atenções. Pensamento é matéria, é mensurável. Portanto, imaginar é ação, conquanto por vezes não se concretize no plano físico, é sempre objeto de duração mais ou menos estável, conforme a intensidade de nossa sintonia e repetição da ideia acalentada. Sigamos estudando, a perseverança nos faz penetrar nos meandros mais sutis do conhecimento espiritual, com vistas à nossa melhoria interior.

Quanto à forma dos Espíritos, sugiro que você assista aos programas de “Estudando O Livro dos Médiuns” de número 14, se já não o assistiu. Os Espíritos superiores, qual o caso dos que se materializaram ao lado de Jesus no Monte Tabor (Mateus, 17:1-3), poderiam assumir a forma que desejassem. Moisés e Elias, a lei e a profecia Ambos foram enviados por Jesus com tarefas específicas. Ao assumirem tal forma com certeza atenderam a determinações superiores. Foram dois profetas de grande relevo perante o povo que anunciaram a vinda do Messias. Não há conflito com a questão 150 de “O livro dos Espíritos”, pois nessa questão a “individualidade” referida por Allan Kardec, no caso Elias/João Batista ficou mantida, o que alterou foi a forma, transcendem a uma única reencarnação.

Creio quem melhor analisa o pensamento de Allan Kardec sobre o amor, a instrução, a caridade e a reforma moral é o Espírito Emmanuel, no livro “O Consolador”, psicografado por Chico Xavier:

“204 –A alma humana poder-se-á elevar para Deus, tão-somente com o progresso moral, sem os valores intelectivos?

– O sentimento e a sabedoria são as duas asas com que a alma se elevará para a perfeição infinita.

No círculo acanhado do orbe terrestre, ambos são classificados como adiantamento moral e adiantamento intelectual, mas, como estamos examinando os valores propriamente do mundo, em particular, devemos reconhecer que ambos são imprescindíveis ao progresso, sendo justo, porém, considerar a superioridade do primeiro sobre o segundo, porquanto a parte intelectual sem a moral pode oferecer numerosas perspectivas de queda, na repetição das experiências, enquanto que o avanço moral jamais será excessivo, representando o núcleo mais importante das energias evolutivas.”

Como podemos ver, a imagem de “asas” mostra bem que nenhum voo se fará com asas de tamanhos diferentes. Mas, considerando valores humanos , no atual estágio evolutivo do planeta, a moral deve ser prestigiada sobre o intelectual, pelos desvios que pode provocar. Mas, em sede de Espíritos Superiores moral e intelecto se fundem, no aperfeiçoamento do ser. O estudo espírita deve conduzir à mais elevada moral cristã, pela prática de lei de justiça, amor e caridade.

Realmente a FEB tem por objetivo divulgar o Espiritismo com base na Obras de Allan Kardec e prima pela melhor tradução das Obras do Codificador. Quanto aos textos psicografados de Emmanuel ou Joana de Angelis, por exemplo, por intermédio de Chico Xavier e Divaldo Franco, respectivamente, não podem ser alterados. São textos atemporais. Não se pode fugir de tais autores espirituais a título de dificuldade interpretativa. Nesse caso, deve-se ter esforço e perseverança, e o dicionário é a ferramenta necessária ao melhor entendimento, se for o caso.

Os Espíritos superiores podem encarnar em mundos inferiores e frequentemente o fazem, em missão, para promover o desenvolvimento intelectual e moral dos seus habitantes, propiciando, assim, a evolução destes orbes. Lembremos do Cristo, o Espírito mais puro que esteve entre nós, e que por Amor, assumiu a formação da Terra, encarnando aqui para exemplificar a Lei Divina e que, continua, através dos seus sublimes enviados, nos orientando. Estas nobres Entidades, dentre as suas numerosas tarefas, continuamente nos trazem a mensagem divina, através de médiuns capacitados, conforme você mencionou. Sugerimos a leitura do cap. X, 2ª parte de “O Livro dos Espíritos”, Das ocupações e missões dos Espíritos, em especial as questões 562 e 563.

A “provação” para o Espírito constitui-se nas experiências necessárias ao seu progresso, qual um aluno que realiza os exames escolares que lhe promoverão a níveis superiores do saber. A “expiação” representa a pacificação da consciência, que dá pelas lutas que a alma enfrenta em sua evolução, reparando com suor e lágrimas, os enganos cometidos na condição de alma ainda indisciplinada, qual se quitasse uma obrigação assumida perante a vida.

O momento em que o ser humano se tornou consciente não nos foi revelado integralmente. Espíritos como André Luiz, no livro “Evolução em dois mundos”, estuda o tema, deixando claro que a individualização do princípio inteligente causou um desenvolvimento processual dos potenciais mentais, qual a consciência, a mediunidade, o pensamento, o discernimento, dentre outros. E o processo ainda não se consolidou. Não podemos efetivamente afirmar que o ser humano já esteja em plena consciência da realidade existencial. De futuro, o “penso, logo existo” sofrerá interpretações mais avançadas, até que se chegue à plenitude consciêncial nas fixas sublimadas dos Arcanjos.