Perguntas e Respostas

Mediunidade e Enfermidade

Perguntas elaboradas pelos participantes do grupo Telegram @febtv_mediuns, referente à série apresentada por Jacobson Sant’ana Trovão “Estudando O Livro dos Médiuns”, canal da FEBtv no YouTube, e respondidas por uma equipe de estudiosos do tema.

Vedada a reprodução, finalidade meramente de estudo da mediunidade à luz do espiritismo.

Allan Kardec em O livro dos médiuns, publicado pelo FEB, com tradução de Evandro Noleto Bezerra, capítulo XVII, aborda sobre os inconvenientes e perigos da mediunidade. No item 221.1ª ele pergunta:
1ª – Será a faculdade mediúnica indício de um estado patológico qualquer, ou de um estado simplesmente anômalo?
“Anômalo, às vezes, porém, não patológico; há médiuns de saúde robusta; os doentes o são por outras causas.”
Aqui ele afirma que a mediunidade somente deverá ser desenvolvida em médiuns com boa saúde. outra pergunta.
4ª Haverá pessoas para quem esse exercício seja mais inconveniente do que para outras?
“Já eu disse que isso depende do estado físico e moral do médium. Há pessoas relativamente às quais se devem evitar todas as causas de sobreexcitação e o exercício da mediunidade é uma delas”.
Fica claro que se o médium tem um distúrbio mental deverá tratar primeiramente do distúrbio para depois desenvolver a mediunidade. O mais comum é que a pessoa esteja passando por um processo obsessivo.

A depressão pós-parto é um transtorno que tem sido motivo de inúmeras pesquisas pelos especialistas, sem que se tenha uma definição segura quanto às suas causas. Hipóteses apontam para as severas alterações hormonais ocorridas durante e após o parto. Em sendo assim, vista do prisma humano, é uma enfermidade tratável com medicamentos e psicoterapias, não se podendo relacionar com níveis evolutivos.
A propósito anota Allan Kardec em “O livro dos espíritos”(FEB), pergunta 890:

“A Natureza deu à mãe o amor a seus filhos no interesse da conservação deles. No animal, porém, esse amor se limita às necessidades materiais; cessa quando desnecessários se tornam os cuidados. No homem, persiste pela vida inteira e comporta um devotamento e uma
abnegação que são virtudes. Sobrevive mesmo à morte e acompanha o filho até no além-túmulo. Bem vedes que há nele coisa diversa do que há no amor do animal.”

De forma que não podemos julgar ou classificar os espíritos que passam por esta prova, cada caso é um caso, mesmo porque se interpõe a Lei de Efeito.

Já na questão 375 temos:

375. Qual, na loucura, a situação do Espírito?
“O Espírito, quando em liberdade, recebe diretamente suas impressões e diretamente exerce sua ação sobre a matéria. Encarnado, porém, ele se encontra em condições muito diversas e na contingência de só o fazer com o auxílio de órgãos especiais. Altere-se uma parte ou o conjunto
de tais órgãos e eis que se lhe interrompem, no que destes dependam, a ação ou as impressões. Se perde os olhos, fica cego; se o ouvido, torna-se surdo, etc. Imagina agora que
seja o órgão, que preside às manifestações da inteligência, o atacado ou modificado, parcial ou inteiramente, e fácil te será compreender que, só tendo o Espírito a seu serviço órgãos
incompletos ou alterados, uma perturbação resultará de que ele, por si mesmo e no seu foro íntimo, tem perfeita consciência, mas cujo curso não lhe está nas mãos deter.”

A palavra “loucura” foi ao longo do tempo substituída por “Transtorno mental”.

A esquizofrenia é um transtorno mental catalogado nos compêndios psiquiátricos. Contudo, o enfermo poderá sofrer um processo obsessivo no curso da doença, agravando seu estado. A causa da esquizofrenia, que ainda se constitui num grande desafio aos pesquisadores, segundo os Espíritos superiores, por intermédio de médiuns quais Chico Xavier e Divaldo P. Franco, revelam que se encontra em reencarnações anteriores, devido a graves violações das Leis Divinas. Referências valiosas sobre o tema poderão ser localizáveis nos seguintes livros, dentre outros, por Chico Xavier: “Entrevistas” (IDE), “Chico Xavier em Goiânia” (GEEM); e por Divaldo P. Franco: “Triunfo pessoal” (LEAL), “Transtornos psiquiátricos” (ALVORADA). Na sequência, segue o link de recente palestra de Divaldo P. Franco em que ele adentra o tema.

https://www.youtube.com/watch?v=DNJkZe0rZno

Sobre a questão da visão de Espíritos no quarto pelo médium enfermo não se pode afirmar com segurança se são realmente entidades desencarnadas ou decorrência da enfermidade, sem podemos observar in loco o evento. Somente ajuda especializada e daqueles que estão ao lado doente podem apreciar o fato e, muitas vezes, tal identificação não é simples de ser feita. Mas, em todo caso a prece é sempre remédio eficaz.

O médium enfermo não está apto a entrar em transe. É muito comum o médium tendo se enfraquecido com a doença ter visões do Espíritos e se dar ao transe, o que mais lhe prejudica. A ciência ainda pesquisa as repercussões orgânicas do Covid-19 e não se chegou a um consenso, mas existem relatos de possível comprometimento neurológico causado pelo vírus que provoque delírios e alucinações. É bom avaliar ambas as situações. Em todo o caso, a leitura do Evangelho é o meio mais eficaz de se esclarecer as entidades sofredoras. Não há necessidade do transe. A prece tanto harmoniza o médium quanto alivia a dor dos enfermos desencarnados.

Quando padecemos dúvidas e medo é porque ainda pode nos faltar conhecimento suficiente para o desenvolvimento da fé raciocinada. O estudo da mediunidade deve nos conduzir ao autoconhecimento, ao discernimento, à serenidade e à harmonia interior. Procure se asserenar. Às vezes lemos um texto Allan Kardec, por exemplo, e necessitamos de um tempo de reflexão para assimilar as informações, tornando-as úteis à nossa existência. Nenhum aprendizado se faz da noite para o dia. A disciplina mental é um desafio para todos. Busque na oração as forças para tudo superar. Lembremos do apoio médico e psicológico, se a ideia de “loucura” persistir na mente. O suporte medicamentoso é de grande valia. Cuidemos da alma, mas cuidemos igualmente do corpo, nossa morada que deve ser bem preservada.

Excluída a possibilidade de serem as vozes que tem ouvido e o zumbido serem de origem enfermiça, podemos considerar a mediunidade apresentando sinais. Mas, nesse caso relatado, cumpre o reequilíbrio do pensamento, pela prece, pelo estudo e pelo passe. Somente superados os incômodos relatados, será possível verificar se você tem compromisso com a tarefa mediúnica, ou se o que tem passado é consequência de uma vulnerabilidade mental, que tem levado a percepções mediúnicas inoportunas.

A paralisia do sono é uma enfermidade catalogada pelos compêndios médicos como um transtorno do sono, que deve ser tratada, tem uma sintomatologia específica e é diagnosticável, não se confunde com mediunidade. Existem médiuns que podem em certas ocasiões, por efeito de desdobramento espiritual, sentirem o corpo paralisado, com dificuldade momentânea de se mover, mas a ocorrência é isolada e tende a desaparecer com o estudo, a prece e a experiência prática da mediunidade, que se adquire em uma reunião séria, que confira ao médium proteção de seu Mentor Espiritual. Quando o médium está conduzido por benfeitores espirituais, no momento do desdobramento espiritual, dificilmente sentirá dificuldades em se afastar e de retornar ao estado de vigília.

Quanto à possibilidade de ocorrer uma incorporação durante o momento do sono, devemos considerar que o transe mediúnico consitui-se basicamente num contato entre mentes. Afastado do corpo físico, por ocasião do sono natural, o médium pode entrar em transe, pois a mediunidade é exercível também no plano espiritual. Tal fato pode passar desapercebido do médium e dos que com ele convivam. Em certos casos, esse estado de transe pode se refletir no corpo físico, e seus acompanhantes de quarto podem relatar que o durante o sono o médium agiu ou mencionou algo que evidenciou estar mediunizado. Tal ocorrência é mais comum quando o médium é sonâmbulo, que pode, nessa condição, andar e falar em estado alterado de consciência.

Compreendendo como médium ativo, na sua pergunta, o médium ostensivo cardiopata, deve o dirigente agir com grande prudência, para avaliar o impacto do transe mediúnico na constituição física do médium. No transe mediúnico, sabe-se da ativação, dentre outras, de substâncias químicas secretadas por glândulas endócrinas e a intensa participação dos neurotransmissores. Decorrente disso, e dependendo do médium, a pressão tem leve alteração, assim como o ritmo cardíaco que sofre significativa aceleração, exigindo do músculo cardíaco trabalho mais acentuado. Um sintoma muito comum relatado pelos psicofônicos é o batimento cardíaco aumentado, evidenciando que a química corporal foi alterada. Tais alterações, segundo a literatura espírita, não causa prejuízo à saúde do médium saudável, mesmo porque existe o controle dos Espíritos superiores que preparam o organismo do médianeiro para o transe. Comprova isso o bem-estar relatado pelos médiuns ao final da sessão mediúnica. No entanto, se o médium não tem o sistema cardiovascular compensado, ou seja, não está com o controle desejável, mesmo em uso de medicamentos, é prudente que se abstenha da prática mediúnica, até que apresente condições favoráveis, evitando assim sobrecarga no delicado sistema. Naturalmente, que se deve analisar caso a caso. O mesmo cuidado deve existir diante de qualquer enfermidade que esteja em curso. No caso de médiuns de apoio (ou sustentação) e de esclarecimento, o chamado dialogador, a presença na reunião mediúnica não traz maiores transtornos, já que não atuam no transe diretamente.

Em caso de doenças degenerativas como a que seu pai atravessa deve-se ter muita paciência e compreensão de que tal estado não está sob o descuido de benfeitores espirituais. Se a enfermidade surge em nós ou nossos afetos é hora da prece, do passe, da água fluidificada, da leitura do Evangelho de Jesus para que em nós se desenvolva a fé e a confiança na providência Divina. Atentos às orientações médicas, tais recursos espirituais são a fonte de fortalecimento para tudo superar. Tanto seu pai quanto sua avó muito se beneficiarão com manutenção do equilíbrio no lar e os estudos evangélicos. Se o que ele diz é decorrente de percepções mediúnicas ou da enfermidade não é possível afirmar positivamente nem negativamente, já que a doença causa expressões desconexas e a mente enferma não consegue ter uma percepção mediúnica segura. Cremos que o ideal é não se fixar nisso, mas sim na orientação médica, nas preces e na confiança em Deus que não nos desampara jamais.