O propósito do estudo numero 13, terça-feira dia 19 de janeiro, não foi o de estudar as evocações, apenas fixar que nós espíritas somos criticados muitas vezes como evocadores de Espíritos, adivinhos e outros, quando na verdade o Espiritismo não tem esse propósito.
Veja que o tema era a Ação dos Espíritos sobre a Matéria e a suposta proibição de Moisés no tocante ao contato com os Espíritos. Como se pudesse proibir os Espíritos de atuarem na matéria. Moisés não proibia o contato com o plano espiritual, mas o modo como que era feito pelos povos politeístas, já que ele pretendia fixar o monoteísmo. Dai o profetismo organizado por ele. Moisés não poderia proibir a ação dos Espíritos sobre a matéria. E mais, tal orientação ao profetismo foi para um povo e uma época, não podendo ser admitido como uma regra universal para todos os tempos. Por isso fiz uma referencia tão breve às evocações.
Teremos um encontro em que trataremos com vagar sobre esse tema. Mas, como surgiram várias dúvidas, podemos dizer que Allan Kardec no capítulo 25 de “O livro dos Médiuns” estabelece as vigas mestras ou os pilares do propósito das manifestações ostensiva dos Espíritos. Seria a teoria geral da condução das reuniões mediúnicas, ou seja, como deve se comportar o dirigente para iniciar e disciplinar as manifestações dos Espíritos. Nesse caso ele coloca a responsabilidade do condutor da reunião no acolhimento e na perfeita identificação dos comunicantes.
A palavra “evocação”, em nosso entendimento, deve ser compreendido como uma prece aos bons Espíritos, podendo inclusive nominá-los ou não, para o bom êxito da sessão mediúnica que se pretende realizar, cujo fim será o trabalho no bem, ou que seja permitida a manifestação de Espíritos inferiores, doentes, obsessores, com a finalidade de socorro aos desencarnados.
Kardec inicia o capítulo dizendo que devemos sim evocar, para se evitar a intromissão de Espíritos embusteiros. O que é verdade, não querendo dizer que isso seja de todo necessário, pois no mesmo item 269 ele diz que não há nenhum inconveniente nas comunicações espontâneas. Em seguida afirma uma vantagem em não evocar e quando não mais será preciso evocar.
Na tradução de Guillon Ribeiro (FEB) temos: “As comunicações espontâneas inconveniente nenhum apresentam, quando se está senhor dos Espíritos e certo de não deixar que os maus tomem a dianteira. Então, é quase sempre bom aguardar a boa vontade dos que se disponham a comunicar-se, porque nenhum constrangimento sofre o pensamento deles e dessa maneira se podem obter coisas admiráveis; entretanto, pode suceder que o Espírito por quem se chama não esteja disposto a falar, ou não seja capaz de fazê-lo no sentido desejado. O exame escrupuloso, que temos aconselhado, é, aliás, uma garantia contra as comunicações más. Nas reuniões regulares, naquelas, sobretudo, em que se faz um trabalho continuado, há sempre Espíritos habituais que a elas comparecem, sem que sejam chamados, por estarem prevenidos, em virtude mesmo da regularidade das sessões.”
Assim, na fase atual em que encontram Centros Espíritas, com reuniões regulares, que já não têm mais o propósito de pesquisa do plano espiritual, não precisamos evocar Espíritos para saber das realidades espiritais, nem que se se prepare um questionário para que os Espíritos respondam que nos levaria ao mesmo ponto em que chegou Kardec. Mas, permanece na atualidade a mesma responsabilidade do dirigente em orar e mentalmente suplicar a assistência de Jesus e dos bons Espíritos. Kardec diz no item 31 de “O Livro dos Médiuns” que a organização ou codificação Espírita poupa o esforço de novas pesquisas, quais as que ele realizou, ao anotar: “Ora, sendo extremamente raro que a mesma pessoa tenha todas as aptidões, isso constitui uma nova dificuldade, porquanto mister seria ter-se sempre à mão uma coleção completa de médiuns, o que absolutamente não é possível.”
Assim, Kardec efetivamente afirma que nas reuniões regulares não é preciso evocar diretamente uma entidade, pois os Espíritos comparecerão sem que seja preciso convocá-los.
Já Emmanuel no livro “O Consolador”, psicografado por Chico Xavier questionado sobre as evocações diz:
“369 –É aconselhável a evocação direta de determinados Espíritos?
-Não somos dos que aconselham a evocação direta e pessoal, em caso algum.
Se essa evocação é passível de êxito, sua exequibilidade somente pode ser examinada no plano espiritual. Daí a necessidade de sermos espontâneos, porquanto, no complexo dos fenômenos espiríticos, a solução de muitas incógnitas espera o avanço moral dos aprendizes sinceros da Doutrina. O estudioso bem-intencionado, portanto, deve pedir sem exigir, orar sem reclamar, observar sem pressa, considerando que a esfera espiritual lhe conhece os méritos e retribuirá os seus esforços de acordo com a necessidade de sua posição evolutiva e segundo o merecimento do seu coração.
Podereis objetar que Allan Kardec se interessou pela evocação direta, procedendo a realizações dessa natureza, mas precisamos ponderar, no seu esforço, a tarefa excepcional do Codificador, aliada a necessidade de méritos ainda distantes da esfera de atividade dos aprendizes comuns.”