Perguntas e Respostas

Emancipação da Alma e Sonhos

Perguntas elaboradas pelos participantes do grupo Telegram @febtv_mediuns, referente à série apresentada por Jacobson Sant’ana Trovão “Estudando O Livro dos Médiuns”, canal da FEBtv no YouTube, e respondidas por uma equipe de estudiosos do tema.

Vedada a reprodução, finalidade meramente de estudo da mediunidade à luz do espiritismo.

Durante o sono natural entramos em contato com Espíritos, e em alguns casos o corpo pode refletir determinados diálogos ocorridos nesses encontros, qual caixa de ressonância. Contudo, esse fenômeno não deve ser estimulado, cumprindo, ao deitarmos para o sono diário, nos atermos, mesmo que por tempo breve, às preces, rogando o devido amparo durante o desprendimento pelo sono e que nos seja dada a oportunidade o contato com benfeitores espirituais que nos propiciarão aprendizado, forças e ânimo para a jornada na Terra. A fala durante o sono pode, de outras vezes, expressar o fisiologismo orgânico, decorrente de emanações de nosso subconsciente que libera memórias próximas ou passadas, e a pessoa fala dormindo. O transe sonambúlico é revestido de características específicas, já que nesse estado a alma do médium, em se afastando do corpo, mergulha no próprio psiquismo, utiliza-o para mover-se, dialogar e a personalidade subconsciencial se evidencia. No caso descrito, somente uma observação mais cuidadosa pode definir o que realmente está ocorrendo.

Veja a resposta à sua pergunta anterior. O encontro que você relata, pode evidentemente ter sido real.

Obs.: Os sonhos podem ser de três naturezas: aqueles decorrentes da lembranças armazenadas das atividades realizadas durante o dia e que se afloram ao dormir, de nossos concepções, preocupações e desejos; recordações de vivências do contato com o plano espiritual, quando se pode ter contato com Espíritos elevados, inferiores, premonições, ou acessos espontâneos aos arquivos mentais de vidas passadas. O mais comum é uma mescla dessas três naturezas, o que faz com que o sonho se torne confuso e obscuro.

O encontro com os desencarnados durante o sono físico é mais comum do que se imagina. No cap. VIII de “O livro dos Espíritos”, os Espíritos superiores, respondendo as questões propostas por Allan Kardec, explicam como se dá o processo de emancipação da alma e o que são os sonhos; estes, dos quais, muitas vezes, lembramos integralmente ou apenas de partes, são efeitos do que vimos, ouvimos, fizemos, ou de encontros que tivemos com os Espíritos durante o repouso do corpo. Por isso, a importância da prece no momento de dormir, e no último capítulo (XXVIII) de “O evangelho segundo o Espiritismo” (Tradução de Guillon Ribeiro, FEB), na coletânea de preces, item 38, há um esclarecimento muito oportuno sobre o assunto, e como devemos nos preparar para que, efetivamente, as horas de repouso do corpo físico possam ser aproveitadas pelo Espírito encarnado, na sua evolução espiritual. Anota Kardec: “O sono tem por fim dar repouso ao corpo; o Espírito, porém, não precisa de repousar. Enquanto os sentidos físicos se acham entorpecidos, a alma se desprende, em parte, da matéria e entra no gozo das faculdades do Espírito. O sono foi dado ao homem para reparação das forças orgânicas e também para a das forças morais. Enquanto o corpo recupera os elementos que perdeu por efeito da atividade da vigília, o Espírito vai retemperar-se entre os outros Espíritos. Haure, no que vê, no que ouve e nos conselhos que lhe dão, ideias que, ao despertar, lhe surgem em estado de intuição. É a volta temporária do exilado à sua verdadeira pátria. É o prisioneiro restituído por momentos à liberdade.

[…]

Eleve, pois, aquele que se ache compenetrado desta verdade, o seu pensamento a Deus, quando sinta aproximar-se o sono, e peça o conselho dos bons Espíritos e de todos cuja memória lhe seja cara, a fim de que venham juntar-se-lhe, nos curtos instantes de liberdade que lhe são concedidos, e, ao despertar, sentir-se-á mais forte contra o mal, mais corajoso diante da adversidade.”

Podemos dizer que todos temos vivências espirituais por ocasião do sono diário. A alma tem sede de liberdade e não fica retido no corpo, quando este adormece, essa é a regra geral. A lembrança é a variável. Nem todos se recordam integralmente, outros podem lembrar parcialmente. Isso vai depender da possibilidade de registro pelo cérebro físico das percepções do cérebro espiritual ou perispiritual. Temos de considerar ainda as interferências naturais do metabolismo orgânico que se imiscuem no processo da lembrança referida. Quanto ao contato com familiares desencarnados, temos de acrescentar um fator, qual seja o resultado psicológico da lembrança. Para muitas pessoas lembrar é um alento, para outras aumenta o apego que perturba tanto aquele já se foi para a pátria espiritual quanto o que ficou encarnado. Neste caso, os Espíritos protetores impedem a lembrança, a benefício de ambos. O choro de revolta contínuo, a reclamação da ausência pela morte, a depressão pelo afastamento, a insurgência contra as leis divinas, quando se culpa Deus pela separação pela morte são outras tantas causas impeditivas da lembrança do encontro entre aqueles que se amam. Então, para visitar o ente que se foi, a misericórdia divina sempre enseja oportunidade e isso ocorre com muita frequência, quanto a lembrar vai depender das condições emocionais de quem sofre com a separação pela morte.

Não podemos precisar o motivo de tal lembrança do sonho. Como sabemos as percepções do cérebro quando desligado do corpo físico são mais amplas do que quando estamos em estado de vigília ou acordados. Sobretudo, quando a alma retorna ao corpo, ao despertar as lembranças da vivência de espírito se misturam com os arquivos da memória próxima ou remota, com as influências fisiológicas corporais, deixando a interpretação da lembrança ou sonho confusa, já que essa mescla de informações turva o que realmente foi visto. Por vezes, o esquecimento da vivência extracorpórea é provocada por benfeitores espirituais para se evitar um desapego indevido dos valores materiais, ou quando tendem a evitar recordações que poderiam nos perturbar a tranquilidade do dia a dia. Se lembrássemos claramente do encontro com o ente querido que já partiu para a pátria espiritual poderíamos perturbar-lhe a adptação à vida nova ou aguçar o nosso apego, o nosso sentimento de perda. Então, há o encontro, mas o esquecimento é providência benéfica para quem vai e para quem fica. No entanto, sempre permanece um sentimento de paz e de reconforto após tais encontros. Quanto à cor, não se apegue a isso, pois é seu cérebro elaborando as percepções sutis da alma.

O fenômeno é possível, já que no estado de pré sono a alma se afasta parcialmente do corpo, permitindo a visão do plano espiritual. É a chamada emancipação da alma. Como nos comunicamos com os Espíritos pelo pensamento, pode ter sido em decorrência disso a impressão de que a voz saia qual uma caixa de som.