Perguntas e Respostas

Desenvolvimento Mediúnico

Perguntas elaboradas pelos participantes do grupo Telegram @febtv_mediuns, referente à série apresentada por Jacobson Sant’ana Trovão “Estudando O Livro dos Médiuns”, canal da FEBtv no YouTube, e respondidas por uma equipe de estudiosos do tema.

Vedada a reprodução, finalidade meramente de estudo da mediunidade à luz do espiritismo.

Allan Kardec em “O livro dos médiuns” (FEB/tradução Evandro Noleto) no item 62 anota: “Não há nenhum sinal pelo qual se reconheça a existência da faculdade mediúnica; só a experiência por revelá-la.” Efetivamente, é o que se observa na prática. Ou seja, o médium vai revelar sua aptidão mediúnica com o tempo, desde que se mantenha assíduo nas reuniões de estudo e nas de prática mediúnica. Nos casos mais comuns, médiuns em desenvolvimento relatam, por exemplo, durante a reunião mediúnica, estando em oração e silêncio mental, que sentem um desejo insistente de escrever, nesse caso deve ser disponibilizado papel e lápis. O médium deve deixar a mão sobre o papel de forma suave, aguardando o movimento espontâneo. Em alguns casos, o médium identifica um pensamento e ele mesmo deverá dar o impulso na escrita. É comum indagar se pode ser usada caneta esferográfica, não faz diferença, mas esta pode falhar por um defeito qualquer e a mensagem se perder. É a psicografia. Em outros, pode ocorrer o relato de visões de Espíritos ou audição de vozes, indicando a possibilidade do médium ser possuidor da faculdade de vidência e de audiência mediúnicas. Recordando que tais percepções são mentais, embora, em alguns casos, possa o médium ter a impressão que vê ou ouve o som com os olhos e ouvidos físicos. Existem aqueles que relatam sentirem a presença de um Espírito, arrepios pela cabeça e pelo corpo, poderá ter uma leve vertigem, sensação de corpo leve, com ou não perda parcial do controle dos movimentos ou ter movimentos involuntários, ideias insistentes, inesperadas, suave aceleração do batimento cardíaco, e lhe vem o desejo de falar, chorar, tem a emoção alterada. Se for a presença ou sintonia com uma entidade em sofrimento, poderá reproduzir o que o Espírito comunicante sente, se for uma entidade equilibrada, terá pensamentos e sensações de calma e ideias elevadas, são os primórdios do transe psicofônico. Médiuns aptos ao desdobramento espiritual podem sentir branda sonolência, mas não adormecem, ao contrário, a mente fica ativa, ter sensação de afastamento do ambiente, percepção mental de que estão em outro lugar. Durante o desdobramento relatarão as sensações, emoções ou o ditado mediúnica. Recuperada a vigília, poderão lembrar de todo o evento ou apenas parte dele, uma amnésia parcial. Como dissemos, são exemplos, não se constituem num padrão, nem num rol exaustivo do que pode ocorrer. Cada médium tem um relato particular, pessoal, ter uma ou várias das sensações referidas, serem de maior ou menor intensidade, ou quase nulas, e mesmo assim reproduzirem o pensamento de uma entidade, como nas intuições. Daí a importância de se desenvolver a mediunidade num Centro Espírita, após o estudo, que confira segurança e conhecimento, para não ter medo ou ansiedades, participar de um grupo mediúnico harmônico, sério, e que possua um dirigente experiente, com capacidade de conduzir o médium com segurança. Destaquemos que, conquanto as sensações descritas possam surgir, o médium sempre estará no controle da situação. Poderá mentalmente dominar-se, não se deixando levar por impulsos descontrolados ou de excessiva passividade. Quanto à ligação com as plantas, referida na pergunta, não podemos apreciar, pode decorrer de uma natural sensibilidade e não propriamente da influência de Espíritos, conquanto existam aqueles que são simpáticos a elas. Sugerimos, seguir perseverante no estudo de “O livro dos médiuns”, pela FEBtv, pois o tema será abordado. A FEB disponibiliza a obra “Mediunidade: estudo e prática”, em dois volumes, na qual, em seu volume II, o que foi descrito é melhor detalhado.

É natural profissionais que têm uma interação muito próxima com o cliente sentirem um desgaste das energias. Isso decorre da atividade em si, como também por uma natural doação fluídica do terapeuta para o paciente, veiculado pela fala e pelo pensamento. Muitos de nós são se apercebe quanta energia é gasta numa conversação. O que poderíamos sugerir seria, após o atendimento do paciente ou ao final da jornada de trabalho, fazer mentalizações positivas, criando imagens mentais ligadas à natureza, por exemplo, buscando se desligar mentalmente das atividades realizadas, após pensar em Jesus e fazer uma prece. Durante todo o tempo da visualização mantenha-se consciente, evitando a expansão mental, que não é o propósito do exercício. Com essa prática diária ocorre a recomposição das energias, pois os amigos espirituais encaminharão os fluidos reconfortantes, para reanimar e dar alento ao profissional. Muitos estados de estresse surgem e evoluem rapidamente por falta de um momento de refazimento no dia.

Com a evolução da alma, por comparação com as faixas primitivas da razão, tem levado a humanidade ao aprimoramento de todos os potenciais psíquicos, inclusive a mediunidade latente em cada um de nós. A evolução ainda não tirou o homem dos estados inferiores, tanto quanto ainda não o colocou em termos de coletividade entre os Espíritos Superiores. Mas o ser humano já goza de vantagens que o pensamento contínuo permite, dentro desse prisma a mediunidade segue evoluindo em cada um, conforme a possibilidade ou maturidade individual, rumo aos planos elevados, onde a mediunidade, sobretudo a intuitiva, será evidente, ao lado dos demais sentidos que o homem possui.

Somente a observação pode identificar no médium a possibilidade psicofônica. O médium vinculado a um grupo de estudos espíritas sério, vencida a etapa de aprendizado, poderá ser conduzido à reunião mediúnica, quando se verificará sinais de
mediunidade psicofônica, pelas sensações e percepções que antecedem o transe mediúnico. Não raro encontramos pessoas que relatam entrarem em transe espontaneamente, em casa, no trabalho, mas nesse caso o individuo pode estar em desequilíbrio, podendo ser inclusive uma enfermidade. Sendo enfermidade ou não, recuperado o equilíbrio, é comum o paciente não ter mais sintomas de mediunidade psicofônica. Foi um fato isolado. Se o indivíduo tiver o compromisso com a mediunidade ostensiva, reequilibrado, os transes inoportunos tendem a cessar, para retornarem em ambiente apropriado, que no caso é o da reunião mediúnica no Centro Espírita. Por isso, Kardec menciona não existir uma forma de se saber se a pessoa é médium ou não. Somente, como se disse, pela observação prática.

Desenvolvimento da mediunidade é a fase que todo médium iniciante passa para adquirir o domínio mental no momento da produção do fenômeno mediúnico, ou transe mediúnico, está ligado ao exercício da faculdade mediúnica, o que se consegue com a prática continuada, ao longo dos anos. Educação da mediunidade refere-se ao aprimoramento do médium, em termos de transformação moral e estudo espírita. Ideal é o médium servir no bem pela prática mediúnica, desenvolvendo seus potenciais psíquicos, ao mesmo tempo em que estuda, disciplinado pensamentos e emoções. Curiosamente, somente o estudo e a transformação moral não torna um indivíduo médium ostensivo, é preciso ter essa aptidão. Assim, podemos considerar que existem médiuns desenvolvidos, aptos à produção de fenômenos os mais variados, mas nem sempre educados. O Espírito Emmanuel, por Chico Xavier, no livro “Mediunidade e sintonia”, cap. 14, tratando do tema, afirma: “Convençamo-nos de que legiões de mediunidades, tanto quanto legiões de inteligências, enxameiam em toda parte, mas aprimorar umas e outras, doando-lhes proveito e responsabilidade, exige estudo e trabalho pacientes, para que se lhes efetue a educação. Ora, sabemos todos que educação não aparece sem disciplina, como disciplina não chega até nós sem sacrifício, e o sacrifício não é fácil para ninguém.”

O trecho que citamos é o seguinte, do livro “Os mensageiros”, de André Luiz, cap. 6:
“Duas senhoras, de grave fisionomia, aproximaram-se respeitosamente e uma delas dirigiu-se a Aniceto, nestes termos:
— Desejávamos o obséquio de uma informação concernente à próxima oportunidade de serviço que será concedida a Otávio.
— O Ministério prestará esclarecimentos — respondeu o interpelado atencioso.
— Todavia — tornou a interlocutora —, ousaria reiterar-lhe o pedido. É que Marina, grande amiga nossa, casada na Terra há alguns meses, prometeu-me cooperação para auxiliá-lo, e seria muito de meu agrado localizar, agora, o
meu pobre filho em novos braços maternais.
Aniceto esboçou um gesto de compreensão, sorriu e esclareceu, sem afetação:
— Convém não estabelecer o plano por enquanto, porque, antes de tudo, precisamos conhecer a solução do processo de médiuns fracassados, em que está ele envolvido. Somente depois, minha irmã.”
A observação que fiz no programa referido decorre da seguinte fala de Aniceto: “Convém não estabelecer o plano por enquanto, porque, antes de tudo, precisamos conhecer a solução do processo de médiuns fracassados, em que está ele envolvido. Somente depois, minha irmã.”
A nosso ver, buscando uma interpretação ampla, no caso de médiuns fracassados a reencarnação é precedida de estudos cuidadosos, dentre os quais se avalia a possibilidade da futura “mãe”, conforme o tipo de resgate do médium faltoso. Pode “faltar mãe”, no sentido de que somente com dificuldade se encontre aquela que apresente as condições favoráveis para o acolhimento do médium. Daí a importância de bem aproveitarmos o tempo na Terra, cumprindo com amor nossas responsabilidades, tanto na lida comum quanto na mediunidade. A mediunidade exige renúncias, que nem sempre estamos dispostos a fazer, o que muito complica nossa consciência, após nosso retorno ao Plano Espiritual. Como no caso relatado por André Luiz, uma amorosa mulher, Marina, instada por amigas desencarnadas, aceitou acolher o médium Otávio, mas a providência não foi chancelada de pronto pelo elevados benfeitores responsáveis pelo caso. Então, como providências reencarnatórias obedecem a uma ordem, malbaratar o tempo de serviço na jornada da vida terrena é se subsumir a injunções muitas vezes complexas de serem superadas. Perseverança, dedicação, amor são sempre elementos de base ao médium que pretenda vencer na tarefa com Jesus.

A idade não é impeditivo para o desenvolvimento e a para a prática contínua da mediunidade. O impedimento seria a saúde, tendo-a não existe obstáculo. Pelo seu relato tudo indica que seja médium ostensiva. No entanto, somente o tempo definirá seu papel na reunião mediúnica. Para tanto você deve ter perseverança e estudo. Aguarde sem ansiedade, pois com o tempo haverá a definição que intenta. Não force o transe, deixe que, se for necessário, ocorrerá espontaneamente. Siga na reunião mediúnica, sem se preocupar em mediunidade ostensiva. Prossiga nas preces, pois isso lhe dará muita harmonia, sobretudo ao deitar, rogando aos bons Espíritos a proteção necessária para não sofrer nenhum assédio que possa lhe perturbar. Leia sempre “O Evangelho segundo o Espiritismo”. O médium pode sempre auxiliar, mesmo sem mediunidade ostensiva, desde que se disponha com amor ajudar aos que sofrem, encarnados ou desencarnados.

No contexto de nossa exposição, à época, “canalizar energia” é fazer o bem, a prática da caridade, o estudo, o bom pensamento, controlando o que se fala, dando utilidade positiva às forças, à saúde, que Deus nos concede para a existência na Terra. Dessa forma, o médium mantém o equilíbrio das energias pessoais circulantes. Uso e o abuso de nossos potenciais na viciação e no erro nos mantém nas faixas inferiores da vida.

Realmente, pode acontecer que nas pessoas com uma sensibilidade apurada, os Espíritos causem alguma espécie de impressão; às vezes vaga, como uma leve roçadura, ou até como um calafrio acompanhado de eriçamento da pele. Essa é uma percepção psicométrica. Isso é possível porque os Espíritos agem sobre a matéria, transmitindo seus pensamentos e sensações, num primeiro momento um jato de energia mental é emitido sobre o sistema nervoso do encarnado. Muitas vezes, pode-se distinguir se os Espíritos são bons ou imperfeitos, pela natureza destas impressões. O codificador Allan Kardec chama estas pessoas de médiuns sensitivos ou impressionáveis. Mas, convém analisar as condições físicas e emocionais destas pessoas, pois muitas vezes, o estado de ansiedade e certas doenças físicas, também podem causar estes desconfortos. Nem tudo o que nos acontece deve ser atribuído aos Espíritos.