Perguntas e Respostas

Desenvolvimento Mediúnico

Perguntas elaboradas pelos participantes do grupo Telegram @febtv_mediuns, referente à série apresentada por Jacobson Sant’ana Trovão “Estudando O Livro dos Médiuns”, canal da FEBtv no YouTube, e respondidas por uma equipe de estudiosos do tema.

Vedada a reprodução, finalidade meramente de estudo da mediunidade à luz do espiritismo.

Os Espíritos estão em toda parte nos influenciando tanto para o bem quanto para o mal, tudo dependendo de nosso pensamento, sentimento ou emoção. Há quem tenha mais sensibilidade para pressenti-los, podendo se sentir bem ou mal, dependendo da condição moral da entidade que se aproxima de cada um de nós. Se a sensação for boa, eleve o pensamento em gratidão a Deus e a quem está ao seu lado; se a sensação for ruim, faça uma oração a benefício da entidade e evite se concentrar na sensação desagradáveis, evitando sintonias indesejadas.

Telepatia é a comunicação direta, sem quaisquer intermediários, de uma para outra mente do ser humano. Allan Kardec, em O livro dos médiuns (FEB), no item 285, denominou o fenômeno de Telegrafia humana. Lá nós lemos: 58ª Evocando-se reciprocamente, poderiam duas pessoas transmitir de uma a outra seus pensamentos e corresponder-se?

“Certamente, e essa telegrafia humana será um dia um meio universal de correspondência”. a) Por que não será praticada desde já?

“É praticável para certas pessoas, mas não para toda gente. Preciso é que os homens se depurem, a fim de que seus Espíritos se desprendam da matéria e isso constitui uma razão a mais para que a evocação se faça em nome de Deus. Até lá, continuará circunscrita às almas de escol e desmaterializadas, o que raramente se encontra nesse mundo, dado o estado dos habitantes da Terra”.

Aprendamos com Léon Denis no livro “O grande enigma”, 6ª edição da FEB, cap. II: “As volições do pensamento, as projeções da vontade, transmitem-se através do Espaço, quais as vibrações do som e as ondulações da luz, e vão impressionar organismos em simpatia com o do emitente. As Almas em afinidade de pensamento e de sentimento podem trocar seus eflúvios, em todas as distâncias, de igual maneira que os astros permutam, através dos abismos do Espaço, seus raios trêmulos. Descobrimos ainda aí o segredo das ardentes simpatias ou das invencíveis repulsões que certos homens sentem uns pelos outros, à primeira vista.”

Recordemos que pela prece estamos sempre em contato com os mentores amigos que nos acompanham, sem que haja a necessidade de um diálogo telepático.

Somente nos casos de obsessão, tratado por Allan Kardec em “O livro dos médiuns”(FEB), capítulo XXIII, e ampliada a sua concepção em obra alinhadas com a Codificação, tal como “Nos domínios da mediunidade”(FEB), ditado pelo Espírito André Luiz, ao médium Chico Xavier, é que o Espírito se manifesta à revelia do médium. Quando devidamente educado e esclarecido sobre sua faculdade, para exercê-la em nome do Cristo, o médium administrará com facilidade os eventos de “incorporação”, seja para psicofonia ou psicografia.

Ensina-nos o Espírito Vianna de Carvalho em no livro “Médiuns e mediunidade”, Cap. 13, (psicografado por Divaldo Pereira Franco): “A mediunidade, portanto, para desdobrar-se, necessita da anuência do seu portador, exceto nos casos de obsessão, quando irrompe mediante a violência da agressão dos adversários do sensitivo que, desta forma, se desvelam, requerendo atendimento e compreensão.”

Os ensinos espíritas nos revelam que o excessos de toda ordem causam prejuízo ao nosso progresso espiritual. O que a condição humana oferta deve ser usufruído, sem abuso, mas também sem abstinência que leve ao ascetismo ou desequilíbrio. Em “O evangelho segundo Espiritismo”, capítulo 17 temos duas anotações de grande relevância sobre o tema proposto na pergunta:

“10. […] Não julgueis, todavia, que, exortando-vos incessantemente à prece e à evocação mental, pretendamos vivais uma vida mística, que vos conserve
fora das leis da sociedade onde estais condenados a viver. Não; vivei com os homens da vossa época, como devem viver os homens. Sacrificai às necessidades, mesmo às frivolidades do dia, mas sacrificai com um sentimento de pureza que as possa santificar.”

“11. […] Dois sistemas se defrontam: o dos ascetas, que tem por base o aniquilamento do corpo, e o dos materialistas, que se baseia no rebaixamento da alma. Duas violências quase tão insensatas uma quanto a outra. Ao lado desses dois grandes partidos, formiga a numerosa tribo dos indiferentes que, sem convicção e sem paixão, são mornos no amar e econômicos no gozar. Onde, então, a sabedoria? Onde, então, a ciência de viver? Em parte alguma; e o grande problema ficaria sem solução, se o Espiritismo não viesse em auxílio dos pesquisadores, demonstrando-lhes as relações que existem entre o corpo e a alma e dizendo-lhes que, por se acharem em dependência mútua, importa cuidar de ambos.”

Com isso, vemos qual a nós compete buscar o perfeito equilíbrio no atendimento das necessidades físicas e espirituais.

O médium deve aprender a ser senhor de si, é a orientação de Allan Kardec. O assédio dos Espíritos inferiores não decorre da mediunidade ostensiva de um médium, nem se pode crer que o desenvolvimento mediúnico ou o simples exercício contínuo da mediunidade afastará os maus Espíritos. É a renovação mental, com base no Evangelho de Jesus, que, ao atrair os bons Espíritos, promove a dessintonia com os Espíritos perturbadores. Os Espíritos inferiores são atraídos por nós, em função de nossas imperfeições morais, indisciplina mental, descontrole emocional, ausência do Evangelho de Jesus conhecido e vivido, dentre outros. Valores que devemos cultivar ao preço de renúncia e sacrifico, como descrito no livro “Evangelho segundo o Espiritismo”, cap. “Sede Perfeitos”. Assim, o foco de atenção daquele que se sente assediado por Espíritos perturbadores não deve ser o afastamento da entidade espiritual desequilibrada, como quem lutasse contra um inimigo invisível e invencível, mas afastar se si o que os atrai. Outro aspecto a ser considerado é que identificar a presença de um Espírito inferior não induz à conclusão de sofre uma obsessão. É uma influência, e desde que o médium a perceba ele tem perfeitas condições de superá-la. É nesse ponto que o estudo e a prática do Evangelho de Jesus é tão relevante, pois promove a evangelização do Espírito e do encarnado com ele sintonizado. Lembremos sempre: mediunidade é sintonia. Aprendamos a nos dominar, para não sermos hipnotizados pela nossa invigilância. Em nosso processo evolutivo entramos mais facilmente em contato com Espíritos inferiores, isso é natural, e tal enfrentamento nos burila, pois nos coloca mais vigilantes. Nossa evolução extinguirá da Terra as obsessões, já banidas nos Mundos Superiores. Siga orando, estudando “O Evangelho segundo o Espiritismo”, diariamente, e mantendo o pensamento alegre e otimista. Se sua mente estiver muito ansiosa e intranquila, convém cogitar da assistência médica, para avaliar seu estado emocional. Quanto ao estudo da mediunidade, fica o convite para perseverar assistindo aos programas “Estudando O Livro dos Médiuns”, pois é um estudo sistematizado e sério, na modalidade ensino à distância. Muito ainda será analisado sobre a mediunidade, que cremos poderá auxiliar. Quando os Centros Espíritas retornarem à normalidade, decorrente do controle da pandemia provocada pelo Covid-19, se informe na Federação Espírita do estado em que você reside para se orientar quanto a uma Casa Espírita que possa frequentar, para estudos espíritas, ter oportunidade de trabalho no bem, e, em momento apropriado, após seu fortalecimento, se for o caso, você desenvolver a mediunidade de tarefa caridosa ao próximo.

O desenvolvimento da mediunidade no aspecto prático deve ser sempre realizado no Centro Espírita, pois é o lugar que detém a ambientação necessária e a devida orientação para o exercício dos recursos psíquicos promovida pelo benfeitores espirituais. No dia a dia faz-se o estudo dos temas da espiritualidade, busca-se a boa sintonia, pratica-se a caridade, renova-se interiormente, visando a conquista da educação moral de si mesmo, que são outras tantas formas de contribuir para o franco desenvolvimento da mediunidade.

Em relação à dificuldade de concentração isso é de certa forma comum, pois o domínio dos pensamentos se consegue no tempo, com esforço e perseverança. O enfrentamento dos pensamentos tumultuários é natural em nossa esfera evolutiva, e é exatamente essa luta interior que trará a maturidade espiritual. Prossiga no esforço, pois o ato de se esforçar já se constitui numa grande conquista pessoal. Mas, não se angustie, o pleno domínio mental pertence às almas sublimadas, quanto à maioria de nós, necessitamos do conflito entre o ontem e o hoje, para vencermos no amanhã.

Sobre essa questão de médiuns que somente dão passividade a desencarnados sofredores temos de considerar a questão da especialização e não propriamente a uma deficiência do médium. Médiuns muito moralizados são preferíveis para tal assistência, já que podem colaborar no socorro a ser prestado, dado o amor que podem irradiar ao assistido desencarnado. A propósito, nos recordamos do mesmo tema tratado por Chico Xavier:

“P- Chico, preciso de sua orientação. Sou médium de incorporação, mas só se comunicam por meu intermédio espíritos sofredores, que gritam, choram, fazem barulho! Sou criticada por alguns companheiros! Já não suporto mais este sofrimento! Algumas vezes, penso em abandonar o trabalho mediúnico. O que me diz, Chico?

R- Minha irmã, você deve considerar-se muito feliz, porque Jesus também viveu com sofredores de todos os matizes. Você, portanto, está em boa companhia – na companhia de Jesus!

A fisionomia da visitante iluminou-se de alegria, de esperança e entusiasmo cristãos. E enquanto Chico se afastava calmamente em direção à mesa, para iniciar as tarefas, ela falou-lhe:

– Deus lhe pague, Chico, pela orientação. Volto para a Bahia renovada por suas palavras, disposta a prosseguir na atividade, oferecendo meus dons mediúnicos aos sofredores, aos amigos de Jesus!”
(NETO, Geraldo Lemos. Chico Xavier: mandato de amor. 6ª. ed., Belo Horizonte: União Espírita Mineira, 2010, item Os amigos de Jesus, pág. 83.)

– Como a mediunidade evolui por fases, se tem notícia de como se dará a mediunidade no futuro?

Emmanuel, por Chico Xavier, afirma que a intuição presidirá todos as nossas percepções do plano espirituais.

A participação em uma reunião mediúnica, seja médium ostensivo, médium de apoio ou dialogador, requer uma série de medidas para que o objetivo seja alcançado.

1° – o estudo sério, perseverante, mais ou menos longo da Codificação, em especial de “O Livro dos Médiuns”, para que os participantes possam ter conhecimento das questões básicas como: os Espíritos quanto ao seu grau evolutivo e como reconhecê-los, as leis da comunicação espírita, os perigos e inconvenientes da mediunidade, o papel dos médiuns nas comunicações, entre outros assuntos de relevante importância, para que se possa lidar com segurança na prática, evitando dissabores e obsessões, tão comuns quando não se prioriza este aspecto.

2° – A necessidade de uma preparação contínua, não só no dia da reunião, mas em todos os dias, quais sejam: vigilância nos pensamentos, palavras e ações, prática do bem, hábitos de leituras e conversações dignas, prece diária, alimentação equilibrada, abstenção de álcool, fumo e drogas, enfim, uma vida mais saudável possível.

3° – Exercitar a concentração, que numa reunião mediúnica, é diferente daquela que costumamos ter, ao ler um livro, por exemplo. É recolher-se na intimidade do ser. A comunicação mediúnica acontece como consequência da concentração; sem esta, não há intercâmbio e, por isso, no momento da reunião mediúnica, a pessoa precisa aprender a abstrair de tudo que seja exterior, das atividades e preocupações do seu dia a dia, senão poderá ocorrer o que você relata.
Provavelmente, pode ser falta de uma concentração firme, que leve o seu pensamento ficar fugindo, o que faz você ter percepções da sua própria vivência, como também, pode ser a captação truncada de imagens, falas e situações do mundo espiritual, pela inconsistência da sua concentração. Diante disso, sugerimos, que se mantenha vinculada à uma Casa Espírita que priorize o estudo das Obras Básicas, onde possa conhecer a Doutrina e conhecer-se, dedicando-se ao estudo com afinco, especialmente “O Livro dos Médiuns”, exercitando a sua mediunidade com regularidade em grupo mediúnico sério. Lembre-se, a educação da mediunidade é um trabalho de paciência, perseverança e auto-iluminação, de sintonia com os Espíritos superiores, para que eles possam conduzi-la neste trabalho de intercâmbio quando julgarem que você tenha as condições para tal.

Se pudermos dar uma sugestão, peça auxílio ao dirigente da reunião mediúnica e combine com ele para te observar mais, e quando tal evento ocorrer avise-o para que ele te auxilie a interpretar o que está ocorrendo. Pode ser um desdobramento imperceptível, que te faz ver essa imagens, muito comum em caso de sono natural ou hipnótico provocado por Espíritos.