Perguntas e Respostas

Animismo

Perguntas elaboradas pelos participantes do grupo Telegram @febtv_mediuns, referente à série apresentada por Jacobson Sant’ana Trovão “Estudando O Livro dos Médiuns”, canal da FEBtv no YouTube, e respondidas por uma equipe de estudiosos do tema.

Vedada a reprodução, finalidade meramente de estudo da mediunidade à luz do espiritismo.

Quanto ao animismo na prática mediúnica, temos a seguinte resposta de nosso amigo Waldehir Bezerra, publicado in “Espiritismo em pauta”, pela FEB: “Imaginemos um livro que deverá ser vertido de uma língua estrangeira para o idioma português por mais de um tradutor. Sem dúvida nenhuma, encontraremos diferenças nas suas palavras, pois estarão condicionadas ao grau de conhecimento da língua e ao acervo cultural de cada tradutor, sem, contudo, ocorra que as traduções se afastem da mensagem essencial da obra. No caso de uma mensagem transmitida mediunicamente, seja pela psicofonia ou psicografia – para ficarmos apenas nesses dois fenômenos – cada médium será o tradutor do pensamento do Espírito comunicante, e, não havendo nenhum médium igual a outro no seu potencial psíquico e cultural, as mensagens não serão exatamente iguais na forma, embora devam guardar o mesmo sentido, a mesma informação.”

Em nosso entendimento, a leitura e análise do item 225 de O livro dos médiuns encerra essa questão, deixando claro para todos os interessados que o médium é simples intérprete do pensamento do Espírito, o qual desenvolve exaustivo trabalho para alcançar os melhores resultados, tal como nos esclarece o médico de Nosso lar em diferentes passagens do primeiro capítulo da obra “Missionários da luz”, trazida a nós pelas abençoadas mãos do médium Francisco Cândido Xavier: – A operação da mensagem não é nada simples, embora os trabalhadores encarnados não tenham consciência de seu mecanismo intrínseco (…). (XAVIER, Francisco Cândido. André Luiz (Espírito). Missionários da luz. 43ª. ed. Rio de Janeiro: FEB, 2011, p. 17).”

– A operação da mensagem não é nada simples, embora os trabalhadores encarnados não tenham consciência de seu mecanismo intrínseco (…). (XAVIER, Francisco Cândido. André Luiz (Espírito). Missionários da luz. 43ª. ed. Rio de Janeiro: FEB, 2011, p. 17).

– Transmitir mensagens de uma esfera para outra, no serviço de edificação humana (…) demanda esforço, boa vontade, cooperação e propósito consistente. É natural que o treinamento e a colaboração espontânea do médium facilitem o trabalho; entretanto, de qualquer modo, o serviço não é automático… Requer muita compreensão, oportunidade e consciência.

Dessa forma, podemos entender que na ocorrência de qualquer fenômeno é impossível afastar a contribuição dos recursos do médium.

É exatamente como colocado na pergunta. Allan Kardec, em “O livro dos Médiuns”, cap. XVI, item 191, quando trata dos médiuns escreventes segundo o modo de execução, classifica os MÉDIUNS ILETRADOS como aqueles que escrevem como médiuns SEM SABEREM LER, NEM ESCREVER, NO ESTADO ORDINÁRIO. Embora, haja maior dificuldade material a ser vencida pelo Espírito comunicante, não é de todo impossível, pois na falta de instrumento melhor, o Espírito pode servir-se daquele que tem à mão, já que a mediunidade propriamente dita independe da inteligência, bem como das qualidades morais. Lembrando que o que o codificador estabeleceu para os médiuns psicógrafos, também se aplicam aos psicofônicos e a todas as demais especificidades mediúnicas. Nos psicofônicos o processo é mais fácil para o Espíritos comunicantes, pois não têm a barreira da escrita, quando teriam que desenhar letra a letra.
Complementando com as questões 17ª, 18ª e 19ª do item 223, cap. XIX da mesma obra, pode sim, uma pessoa analfabeta e muito pouco inteligente, escrever ou falar como médium, transmitindo comunicações de ordem elevada, até mesmo em línguas que lhe sejam desconhecidas, o que prova que este conhecimento obtido em vidas anteriores se encontra latente no seu arquivo perispiritual.
É interessante também a leitura da dissertação dos benfeitores Erasto e Timóteo sobre o assunto, no item 225 da obra referida.

Em qualquer manifestação mediúnica, tanto nas de efeito intelectual quanto nas de efeito físico, seja o médium mecânico ou não, a vestimenta da ideia procede invariavelmente do acervo cultural do médium. Se o médium não possui o recurso exigido pelo comunicante a mensagem não ocorre, ou ocorre com o Espírito desenhando letra a letra, se o médium não é alfabetizado. Por isso a importância do médium estudar.

A psicografia e a psicofonia são similares, ou seja o processo é o mesmo. A ideia ou o pensamento é do Espírito e o vocabulário é do médium. Veja que isso é automático. O médium não procura na mente as palavras, o Espírito induz o médium a falar ou escrever dessa ou daquela forma, se o médium oferecer condições culturais para isso.

O animismo faz parte de todo fenômeno mediúnico. O pensamento é do Espírito, as palavras são do médium. Essa é a parte anímica. Geralmente, o médium tem receio, quando ainda no início das atividades mediúnicas, é de estar falando coisas de sua própria mente. E usa erroneamente o termo animismo como se fosse um defeito do médium, quando não é. A perfeita segurança se consegue com o tempo. Seja perseverante e estude para se conhecer e aprender a diferenciar os seus dos pensamentos dos Espíritos. Só a prática constante dá essa capacidade de diferenciação. Uma sugestão é no momento da reunião mediúnica, caso você seja médium de psicofonia ou de psicografia, asserenar a mente, buscar não pensar em algo e falar ou escrever espontaneamente, deixando a ideia fluir sem estabelecer a dúvida de si mesmo ou a autocrítica. O médium nesse momento terá sensações e percepções que indicarão o transe mediúnico, mesmo sendo consciente. A análise das sensações e o conteúdo do comunicado devem ser feitas no final da reunião, quando os médiuns expressarão o que perceberam e ouvirão as orientações do dirigente.

Você naturalmente se refere ao livro “Psicofonia na Obra de André Luiz”, em que se trata do tema no capítulo 15. Animismo é a contribuição da psiquê do médium no ditado mediúnico, de forma direta ou indireta. Veja que o médium é um interprete do pensamento dos Espíritos. O pensamento é do comunicante, as palavras são do médium, eis a parte anímica. Há casos em que o médium se afasta do corpo, como no caso do sonambulismo, e nesse caso, a mensagem provém do próprio médium, que acessa o seu subconsciente repleto de informações de vidas passadas, às vezes provocado por Espíritos, sendo tal contribuição mediúnica. Animismo não é defeito do médium, é um fenômeno natural da tarefa mediúnica.